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segunda-feira, 7 de abril de 2025
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Adaptação

Inclusão de profissionais neurodivergentes transforma o mercado de trabalho

Adaptação nos processos seletivos e ambientes corporativos amplia a diversidade e impulsiona a inovação

Postado em 3 de abril de 2025 por Luana Avelar
neurodiversidade nas empresas como lidar

A inclusão de pessoas neurodivergentes no mercado de trabalho ainda é um processo que exige adaptação por parte de muitas empresas, mas também representa uma oportunidade para ampliar a diversidade e impulsionar a inovação. No artigo ‘O que as empresas podem fazer para apoiar pessoas neurodivergentes’, Flávia Mentone, especialista em inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, abordou as principais práticas para tornar os processos seletivos mais acessíveis e garantir que profissionais no Transtorno do Espectro Autista (TEA) encontrem ambientes de trabalho que respeitem suas necessidades e potencializem suas habilidades.

No Brasil, a Lei nº 12.764/2012 reconhece o TEA como uma deficiência, assegurando direitos fundamentais, incluindo o acesso ao mercado de trabalho. No entanto, a aplicação da legislação esbarra em barreiras estruturais e falta de preparo por parte das organizações. Para Mentone, a mudança começa ainda na etapa de recrutamento. “Evitar descrições genéricas e focar nas reais habilidades e exigências do cargo é importante para que o candidato compreenda o que se espera dele”, afirma.

Entre as boas práticas sugeridas, está a capacitação das equipes de recrutamento. Segundo a especialista, compreender as diferentes formas de comunicação e comportamento de pessoas neurodivergentes permite uma abordagem mais respeitosa e eficiente. “Algumas entrevistas tradicionais podem ser excludentes, pois muitas pessoas autistas têm dificuldade com perguntas abstratas ou dinâmicas de grupo”, pontua. Adaptar o formato, priorizando entrevistas individuais e questionamentos objetivos, pode fazer a diferença na experiência do candidato.

No ambiente de trabalho, a inclusão vai além da contratação. Garantir a adaptação do espaço físico e dos processos diários é necessário para o bem-estar dos profissionais autistas. Mentone destaca a importância da previsibilidade: “Ter uma rotina clara e estruturada, definir prioridades e prazos e evitar sobrecarga sensorial são medidas que impactam diretamente na produtividade e qualidade de vida”.

Outro ponto relevante é o preparo das lideranças para apoiar a jornada profissional de seus colaboradores neurodivergentes. A especialista reforça que é importante escutar ativamente os funcionários, compreendendo suas necessidades individuais e oferecendo suporte adequado. “Criar um ambiente de segurança psicológica, onde a pessoa possa se sentir confortável para expressar suas dificuldades sem medo de represálias, é um dos primeiros passos para uma inclusão efetiva”, ressalta.

As empresas também podem repensar seus modelos de avaliação de desempenho, que muitas vezes privilegiam exclusivamente soft skills como flexibilidade e trabalho em equipe. Mentone sugere um enfoque mais equilibrado: “Avaliar a entrega com base em resultados concretos e nas reais demandas do cargo evita que profissionais autistas sejam injustamente subestimados”.

Com a adoção dessas medidas, o mercado de trabalho pode se tornar mais acessível e diversificado, beneficiando não apenas os profissionais neurodivergentes, mas toda a estrutura organizacional. A construção de espaços mais inclusivos é uma questão de responsabilidade social, mas também um fator de inovação e crescimento para as empresas que abraçam a diversidade de forma genuína.

 

 

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