Mutirama segue fechado e passa por avaliação da Prefeitura
Segundo a empresa responsável pela manutenção, o parque acumula sete meses sem repasses

O Parque Mutirama, um dos principais pontos de lazer de Goiânia, segue fechado e ainda sem data definida para reabertura. A suspensão das atividades ocorreu há cerca de uma semana, após a constatação da precariedade na manutenção dos brinquedos.
Segundo a Secretaria Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp) e a empresa responsável pela manutenção, Opção Engenharia Serviços LTDA, apenas seis das 25 atrações estavam em funcionamento.
A empresa enfrenta uma grave crise financeira provocada pela interrupção dos repasses da Prefeitura. Segundo a própria companhia, os pagamentos estão suspensos há cerca de sete meses, o que resultou em uma dívida acumulada próxima a R$ 1 milhão.
Segundo a diretoria da Opção Engenharia Serviços LTDA, a situação tornou-se insustentável. “Não é que não queremos trabalhar, é que não temos mais condições. Estamos investindo em peças e manutenção, mas sem receber pelos serviços prestados. Nossa equipe está sem recursos até para alimentação”, afirmou a presidência da empresa ao um portal de notícias.
A Segenp, por sua vez, informou em nota que identificou inconsistências e irregularidades no contrato firmado pela gestão anterior com a empresa, o que motivou a suspensão dos repasses. O contrato, assinado em 2022, foi aditivado três vezes — a última em abril de 2024 — sem reajuste no valor total de R$ 3,1 milhões. Apesar das prorrogações, os pagamentos não ocorreram.
Outro contrato, com vigência de 12 meses e valor estimado em R$ 1,3 milhão, também sofre com inadimplência por parte da gestão municipal.
Secretário detalha sobre a interrupção do funcionamento do parque
Em entrevista ao jornal O hoje, o secretário da Segenp, José Silva Neto afirmou que a decisão de interromper o funcionamento foi motivada pela precariedade da estrutura e pela necessidade de garantir segurança total aos visitantes.
“O parque estava funcionando de forma precária, com apenas sete brinquedos ativos. Resolvemos interromper o funcionamento para fazer um levantamento técnico e garantir que, ao reabrir, tudo esteja seguro”, explicou.
Entre os problemas identificados, um dos mais graves está relacionado à falta de para-raios adequados. Um laudo técnico aponta riscos elétricos em dias de tempestade. “O parque não contava com o sistema SPDA, que é um sistema de proteção contra descargas atmosféricas. Se caísse um raio, o risco seria altíssimo, principalmente por causa dos brinquedos metálicos”, alertou.
O contrato de manutenção atual foi firmado na gestão anterior e segue vigente até agosto deste ano. Questionado sobre a possibilidade de substituição da empresa responsável, José pontuou que não há, por ora, margem legal para rompimento.
“Não há como mudar a empresa agora. O contrato está em vigência, foi firmado anteriormente, e qualquer decisão depende de análise técnica e jurídica. Se estiver funcionando e legalmente for possível renovar, a ideia é manter”, detalhou.
A gestão atual também identificou falhas na fiscalização contratual nos anos anteriores e promete corrigir isso com ações mais firmes. “Na gestão anterior, não havia uma fiscalização efetiva desses contratos. Agora, vamos nomear gestores e fiscais para garantir que tudo seja cumprido rigorosamente”, afirmou.
Mesmo com o parque fechado ao público, serviços de manutenção estrutural estão em andamento. Segundo o secretário, estão sendo realizadas ações como pintura da entrada, reforma da bilheteria, manutenção de pontes e poda de árvores em parceria com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma).
“Estamos tratando a manutenção como se o parque estivesse aberto. A limpeza, pintura e reformas estão acontecendo diariamente”, garantiu.
Sobre a possível reabertura, Neto foi cauteloso. Disse que a intenção é reabrir o Mutirama antes das férias escolares, mas ressaltou que há trâmites administrativos e orçamentários a serem cumpridos. “Mas tudo depende do trâmite legal, dos orçamentos e da contratação. Estamos correndo contra o tempo, mas com responsabilidade”, concluiu.
Apesar das incertezas, a promessa é de que o parque voltará a funcionar com segurança e mais qualidade. “Esse parque faz parte da infância de muita gente, inclusive da minha. É um símbolo de Goiânia. É triste ver como ele estava, mas vamos devolver esse espaço à cidade”, disse