Novo acordo nuclear pode redesenhar relações no Oriente Médio
Trump voltou a mencionar a possibilidade de ações militares caso o Irã rejeite o novo acordo

Neste sábado (12), Estados Unidos e Irã darão início a negociações cruciais com o objetivo de firmar um novo acordo nuclear. A iniciativa busca reduzir tensões e evitar um possível novo conflito no Oriente Médio, região já marcada por instabilidade.
O encontro será sediado em Omã, país do Golfo Árabe, e marcará o primeiro contato direto entre representantes das duas nações em dez anos. A mediação será conduzida por intermediários designados, facilitando o diálogo entre os dois lados.
O presidente Donald Trump impôs ao Irã um prazo de dois meses para aceitar os termos de um novo acordo que exigiria a redução significativa, ou até a eliminação total, de seu programa nuclear.
Durante coletiva de imprensa na sexta-feira (11), a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou: “Será um diálogo direto com os iranianos, e queremos deixar isso bem claro”. Ela reforçou que a meta principal do governo Trump é impedir que o Irã desenvolva uma arma nuclear.
Steve Witkoff, enviado especial da administração Trump para o Oriente Médio, chega a Omã neste fim de semana para liderar as conversas com os representantes iranianos. Sua agenda tem sido intensa, incluindo uma reunião recente com o presidente russo Vladimir Putin, realizada em São Petersburgo, para tratar da situação na Ucrânia.

Trump voltou a mencionar a possibilidade de ações militares caso o Irã rejeite o novo acordo. Segundo ele, Israel, que tem feito pressão por uma resposta firme ao Irã, deve liderar qualquer operação ofensiva. “Se um ataque for necessário, ele acontecerá”, declarou o presidente na última quarta-feira (9). “Israel terá papel central nisso.”
No entanto, Teerã tem se mostrado resistente à negociação sob ameaças. O governo iraniano definiu suas “linhas vermelhas” na sexta-feira, rechaçando termos que incluam linguagem agressiva ou exigências consideradas excessivas sobre seu programa nuclear e setor de defesa, conforme noticiado pela agência semiestatal Tasnim.
Apesar de ainda não se conhecerem todos os pontos da pauta de negociação, Trump promete buscar um acordo “mais robusto” do que o firmado em 2015 durante o governo Obama. O tratado anterior, conhecido como Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA), previa a limitação do programa nuclear iraniano em troca da suspensão de sanções internacionais.
Trump retirou os EUA desse acordo em 2018, classificando-o como “desastroso” e alegando que ele beneficiava um regime que apoia o terrorismo. Agora, o presidente quer um novo pacto que impeça o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã, embora ainda não tenha detalhado como esse novo arranjo se diferenciaria do acordo anterior.
Representantes dos Estados Unidos indicaram a possibilidade de exigir que o Irã desmonte por completo seu programa nuclear, inclusive a parte destinada à produção de energia civil, que é garantida ao país pelo tratado de não proliferação nuclear das Nações Unidas.
A proposta foi prontamente rechaçada por autoridades iranianas, que a consideram irrealista e alegam que se trata de uma manobra dos EUA para minar o regime e, eventualmente, promover a queda da República Islâmica.
De acordo com analistas, o Irã encara seu programa nuclear como um pilar estratégico de poder e influência. Abrir mão dele, segundo essa visão, colocaria o país em posição de extrema vulnerabilidade frente aos rivais regionais e à comunidade internacional.
Um membro sênior do governo norte-americano declarou que, além de buscar um novo entendimento sobre o tema nuclear, os EUA também desejam ampliar o diálogo com o Irã para outras áreas sensíveis. Segundo ele, o encontro deste sábado servirá como termômetro para avaliar se Teerã está disposto a participar de conversas em alto nível.
Essas discussões poderiam, eventualmente, se expandir para temas como o desenvolvimento de mísseis balísticos pelo Irã e o apoio do país a grupos aliados em conflitos regionais.