Hipertensão: Entenda como a pressão alta afeta o corpo
As complicações da hipertensão não se limitam ao sistema cardiovascular, a visão também pode ser comprometida devido a danos nos vasos oculares

A hipertensão arterial é caracterizada por níveis de pressão iguais ou superiores a 140 por 90 milímetros de mercúrio, conforme aferido em ambiente clínico. Essa elevação resulta, na maioria das vezes, de alterações na estrutura dos vasos sanguíneos, que podem se tornar mais estreitos ou perder elasticidade, exigindo um esforço maior do coração para impulsionar o sangue por todo o corpo.
Em razão da gravidade e da alta prevalência dessa condição, o dia 26 de abril foi instituído como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. A data tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos associados à pressão alta, além de incentivar hábitos saudáveis e o acompanhamento médico regular como formas eficazes de prevenção e controle da doença.
Apesar de frequentemente silenciosa, essa condição pode se manifestar por meio de sintomas como náusea, tontura, cefaleia intensa, alterações visuais como visão dupla ou turva, palpitações, zumbido nos ouvidos, dificuldade respiratória e dor torácica.
Em grande parte dos casos, entretanto, esses sinais não se fazem presentes, razão pela qual a hipertensão é, muitas vezes, identificada apenas em consultas de rotina. Ainda assim, ao menor indício desses sintomas, recomenda-se procurar atendimento médico imediato ou agendar uma avaliação com um cardiologista, especialmente para aqueles que já convivem com o diagnóstico.
Quando o paciente hipertenso apresenta sintomas, é possível que esteja diante de uma crise hipertensiva. Nessa situação, é fundamental seguir rigorosamente a prescrição médica, utilizando os medicamentos indicados, e procurar assistência hospitalar caso não haja melhora.
O diagnóstico da hipertensão é realizado por um cardiologista, que leva em consideração o histórico clínico do paciente, os antecedentes familiares e, principalmente, a aferição da pressão arterial em pelo menos três ocasiões distintas, com um intervalo mínimo de um minuto entre as medições.
Para uma avaliação mais precisa, o especialista pode solicitar o exame conhecido como MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial), que permite acompanhar as variações da pressão durante 24 horas em condições habituais de vida. Essa análise ajuda a identificar se há algum fator nas atividades diárias que contribua para o aumento da pressão. Outros exames complementares, como análises de sangue e urina, eletrocardiograma ou ultrassom dos rins, também podem ser recomendados para investigar possíveis causas subjacentes.
A origem da hipertensão está diretamente relacionada a qualquer fator que dificulte a circulação sanguínea, provocando aumento da resistência nos vasos e, consequentemente, exigindo maior esforço cardíaco para garantir o fluxo sanguíneo adequado. Trata-se, portanto, de uma condição que demanda acompanhamento constante e tratamento personalizado para evitar complicações mais graves ao longo do tempo.
A forma mais comum de pressão alta é conhecida como hipertensão essencial ou primária. Essa condição costuma surgir de maneira gradual e está associada a diversos fatores. A idade avançada é um dos principais, especialmente após os 65 anos.
A predisposição genética também tem papel importante, sendo mais frequente em pessoas com histórico familiar de hipertensão. Estilos de vida sedentários, alimentação com alto teor de sal e o hábito de fumar contribuem significativamente para o desenvolvimento do quadro. O estresse constante também é apontado como um fator de risco, podendo desencadear a hipertensão mesmo em indivíduos mais jovens.
Já a hipertensão secundária apresenta uma origem diferente. Nesse caso, a pressão alta surge como consequência de outra condição de saúde e, geralmente, aparece de forma mais repentina. Entre as causas mais comuns estão doenças como diabetes e obesidade, além de distúrbios renais, como insuficiência renal, glomerulonefrite e pielonefrite.
A mal formação cardíaca congênita e alterações hormonais provocadas por problemas na glândula suprarrenal ou pela disfunção da tireoide, tanto o hipo quanto o hipertireoidismo, também podem estar na origem do problema. A apneia do sono é outro fator que pode desencadear esse tipo de hipertensão.
O consumo excessivo de álcool, o uso de substâncias como anfetaminas e cocaína, além da administração de certos medicamentos, como corticoides e anticoncepcionais orais, também estão entre os fatores que podem levar ao desenvolvimento da hipertensão secundária.
Complicações
A pressão arterial elevada, exerce uma força excessiva sobre as paredes dos vasos sanguíneos, o que pode comprometer a integridade de veias, artérias e órgãos vitais. Esse impacto prolongado tende a provocar lesões significativas no sistema cardiovascular e em outras estruturas do organismo, aumentando consideravelmente o risco de eventos graves, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), aneurismas, insuficiência cardíaca, arritmias e angina. Além disso, os rins podem ser afetados de forma severa, resultando em quadros de insuficiência renal.
As complicações da hipertensão não se limitam ao sistema cardiovascular. A visão também pode ser comprometida devido a danos nos vasos oculares. Já no sistema nervoso central, a redução do fluxo sanguíneo cerebral pode desencadear prejuízos cognitivos, como falhas de memória, dificuldade de aprendizagem, alterações na fala e, em casos mais avançados, quadros de demência.
Diante de tais riscos, torna-se imprescindível seguir rigorosamente o tratamento prescrito por profissionais de saúde. Quanto mais elevada a pressão e mais prolongado o período sem controle adequado, maior será a probabilidade de surgirem complicações irreversíveis. A adesão às orientações médicas é, portanto, fundamental para preservar a saúde e a qualidade de vida.
Gestantes e menopausa
De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, estima-se que cerca de 15% das gestantes desenvolvam síndromes hipertensivas, que incluem hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. As síndromes hipertensivas na gestação são a principal causa de morte materna no país, com taxas que podem chegar até 170 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos em serviços especializados em alto risco obstétrico.
Já na menopausa, há vários fatores que podem influenciar na pressão arterial sistêmica. Como o aumento de peso, a resistência insulínica e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, um sistema hormonal que desempenha papel essencial na regulação da pressão arterial, do volume sanguíneo e do equilíbrio de água e sais no corpo. Entre as orientações dos ginecologistas, é recomendado incluir a mudança de estilo de vida com aumento da atividade física e dieta nutricional adequada para perda de peso.