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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Ex-presidente

Caso Collor expõe endurecimento do STF e acende alerta no clã Bolsonaro

Condenado a 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro na BR Distribuidora, Collor teve pedido de prisão domiciliar negado, mas STF autorizou regime especial por supostos problemas de saúde

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 28 de abril de 2025
Caso Collor expõe endurecimento do STF e acende alerta no clã Bolsonaro
Foto: Agência Brasil

Bruno Goulart

O ex-presidente Fernando Collor (75 anos) permanecerá preso após o Supremo Tribunal Federal (STF) manter, por maioria, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou sua prisão na madrugada desta sexta-feira (25). A Corte rejeitou os últimos recursos da defesa e confirmou a condenação a 8 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um esquema de fraudes na BR Distribuidora.

O julgamento foi levado ao plenário pelo ministro Gilmar Mendes, mas, até o momento, seis ministros já votaram pela manutenção da prisão no sistema virtual, configurando a minoria. Eles voltaram a se reunir nesta segunda-feira (28) para analisar o caso do ex-presidente. Enquanto isso, Collor seguirá detido.

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Em uma audiência de custódia realizada na última sexta (25), a defesa do ex-presidente pediu que ele cumprisse a prisão em Alagoas, citando sua idade avançada e problemas de saúde, como Mal de Parkinson, apneia do sono grave e transtorno bipolar. Alexandre de Moraes aceitou parcialmente o pedido, determinando que Collor fique em uma ala especial do presídio Baldomero Cavalcanti, em Maceió, em cela individual, mas manteve o regime fechado. No entanto, o próprio ex-presidente afirmou na audiência não ter nenhuma doença e não fazer uso de medicamento de forma contínua, contradizendo, assim, seus advogados.

O caso que levou à condenação

A condenação de Collor é resultado de um processo derivado da Operação Lava Jato, com base em uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2015. O ex-presidente foi acusado de receber R$ 20 milhões em propina para facilitar contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia, empresa envolvida em esquemas de corrupção.

As provas do caso vieram, em grande parte, de delações premiadas, incluindo a do doleiro Alberto Youssef, que detalhou como Collor usou sua influência política para indicar diretores da estatal e assegurar vantagens ilegais. Dois empresários, Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos e Luís Pereira Duarte Amorim, também foram condenados no mesmo processo.

O STF já havia rejeitado recursos anteriores da defesa, que argumentava que a pena deveria seguir o “voto médio” dos ministros. No entanto, Moraes desconsiderou os embargos protelatórios, que tem por objetivo atrasar ou prolongar o andamento de um processo judicial, e manteve a sentença.

Bolsonaro pode ser o próximo

A prisão de Fernando Collor após a rejeição de recursos pelo STF acendeu um sinal de alerta no entorno de Jair Bolsonaro (PL), segundo informações da colunista Malu Gaspa, do O Globo. 

Assessores próximos ao ex-presidente avaliam que o Supremo não tolerará embargos protelatórios nas investigações sobre a trama golpista e poderá acelerar o desfecho do caso antes de outubro – quando Bolsonaro pode ser condenado pela Primeira Turma por tentativas de impedir a posse de Lula. 

O temor é que, seguindo o precedente de Collor, o tribunal rejeite embargos de declaração já em dezembro e determine a prisão sem permitir novos recursos, encurralando a defesa que considera essas etapas cruciais para o direito de ampla defesa.

Collor contradiz defesa

O próprio Collor afirmou durante a audiência de custódia que “não tem nenhuma doença” e não faz uso contínuo de medicamentos, contradizendo os argumentos de seus advogados. A defesa, no entanto, continua pressionando por um regime mais brando, alegando riscos à saúde do ex-presidente.

Soltos pela Lava Jato

A Operação Lava Jato, que deu início à investigação de Collor, teve reviravoltas com o STF, que hoje endurece sua posição, anulando condenações, baseadas em vícios processuais. Ex-governador Sérgio Cabral, ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ex-ministro José Dirceu, por exemplo, estão entre os beneficiados, recuperando liberdade após anos presos. Até delatores como Marcelo Odebrecht e Alberto Youssef tiveram processos revisados e foram soltos.

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