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quarta-feira, 21 de maio de 2025
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cotidiano

Ftalatos podem estar ligados a 10% das mortes por doenças cardíacas

Os ftalatos estão presentes em embalagens plásticas, cosméticos e perfumes

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 10 de maio de 2025
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Ftalatos podem estar ligados a 10% das mortes por doenças cardíacas. | Foto: Reprodução/Istock

Produtos químicos sintéticos amplamente usados na fabricação de bens de consumo, os ftalatos, podem ter desempenhado um papel significativo em mais de 10% das mortes globais por doenças cardíacas em 2018 entre pessoas com idades entre 55 e 64 anos, conforme aponta um estudo publicado em abril na revista eBiomedicine. 

Presentes em itens comuns como embalagens plásticas, cosméticos, perfumes, brinquedos e produtos de limpeza, esses compostos estão entre os mais onipresentes do cotidiano moderno. A pesquisa concentrou-se especificamente no Di(2-etilhexil) ftalato (DEHP), um tipo de ftalato associado a uma série de prejuízos à saúde.

Segundo o Leonardo Trasande, autor sênior do estudo, os ftalatos provocam inflamação sistêmica nas artérias coronárias, o que pode acelerar doenças cardiovasculares preexistentes e precipitar eventos fatais. Ele ressalta que essas substâncias também interferem na produção de testosterona, fator de risco conhecido para problemas cardíacos em homens adultos. 

Ao longo dos anos, outros estudos já haviam relacionado os ftalatos a anomalias reprodutivas em bebês do sexo masculino, queda na contagem de espermatozoides, níveis hormonais alterados, além de doenças como asma, obesidade infantil e diversos tipos de câncer.

A análise mais recente avaliou dados de saúde e ambientais coletados em 200 países e territórios. Os pesquisadores utilizaram levantamentos populacionais que incluíam amostras de urina contendo metabólitos do DEHP, comparando esses níveis com registros de mortalidade compilados pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), sediado nos Estados Unidos. 

Os resultados indicaram que, somente em 2018, aproximadamente 368 mil mortes entre pessoas de meia-idade poderiam estar relacionadas à exposição ao DEHP. A África respondeu por 30% dessas mortes, enquanto o Leste Asiático e o Oriente Médio representaram 25% do total global. Trata-se da primeira estimativa mundial que vincula diretamente esse composto químico a um desfecho específico de saúde.

De acordo com a legislação da Califórnia, o DEHP já integra a lista de substâncias reconhecidas por causar câncer, anomalias congênitas e disfunções reprodutivas. Apesar dos alertas, o uso de ftalatos permanece disseminado em plásticos flexíveis, pisos vinílicos, encanamentos, móveis, componentes automotivos e itens de higiene pessoal, entre eles xampus, sabonetes e cosméticos, onde atuam como fixadores de fragrância. A exposição pode ocorrer por ingestão de alimentos contaminados, inalação de partículas no ar ou absorção cutânea.

Os especialistas alertam que é possível reduzir significativamente o contato com essas substâncias. Medidas como evitar o uso de plásticos, especialmente em ambientes aquecidos como micro-ondas e lava-louças, e diminuir o consumo de alimentos ultraprocessados são eficazes para minimizar a exposição. Ao revelar a magnitude do impacto dos ftalatos na saúde pública global, os autores do estudo reforçam a urgência de políticas regulatórias mais rígidas e de ações individuais para mitigar os riscos associados a esses desreguladores endócrinos.

Além disso, especialistas recomendam dar preferência a loções corporais, detergentes para roupas e produtos de limpeza sem fragrância, pois esses produtos ajudam a evitar o contato com compostos adicionados para fixar aromas artificiais. No preparo e armazenamento de alimentos, materiais como vidro, cerâmica, aço inoxidável ou madeira oferecem alternativas mais seguras em comparação ao plástico.

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