Tosse seca em bebês pode indicar condições graves e exige atenção
Para proporcionar o alívio da tosse, é recomendado manter o bebê com a cabeça levemente elevada
A tosse seca em bebês é um sintoma bastante comum e, geralmente, representa uma tentativa natural do corpo de eliminar algum tipo de secreção ou alimento que esteja obstruindo as vias respiratórias. Além dessa função de defesa, a tosse seca pode ser provocada por uma série de condições, como gripes, resfriados, asma, bronquite, rinite, refluxo gastroesofágico, laringite, pneumonia ou até mesmo coqueluche. Em alguns casos, o sintoma também pode surgir após o bebê se engasgar com algum alimento ou objeto, exigindo atenção imediata.
Para proporcionar alívio, é recomendado manter o bebê com a cabeça levemente elevada, seja sentado ou no colo, pois essa posição facilita a respiração. Outro cuidado importante é oferecer líquidos adequados à idade. Bebês com mais de seis meses podem receber pequenas quantidades de água durante o dia, enquanto os menores devem ser alimentados com leite materno ou fórmula infantil em temperatura ambiente. Essa hidratação ajuda a diminuir a irritação da garganta, mas os líquidos só devem ser oferecidos quando a tosse estiver controlada, a fim de evitar riscos de engasgo.
Quando a tosse é persistente ou associada a quadros mais graves, como rinite, pneumonia ou asma, o pediatra pode indicar medicamentos específicos. A escolha do tratamento, incluindo o tipo de remédio, a dosagem e o tempo de uso, dependerá da idade do bebê, da causa do sintoma e das condições de saúde gerais da criança. O uso de antialérgicos, antibióticos, descongestionantes ou expectorantes deve ser sempre feito com orientação médica.
Algumas práticas simples no ambiente doméstico também podem ajudar. É importante garantir a hidratação do bebê oferecendo líquidos constantemente. Em caso de bebês de menos de 6 meses, que só se alimentam de leite, pode ser benéfico aumentar a oferta de leite nesse período.
Soro fisiológico nas narinas do bebê também pode ajudar. Especialistas explicam que, dentro do nariz, existem cílios nos quais partículas nocivas se grudam. Por meio de movimentos, esses cílios “varrem” para fora essas partículas, protegendo o organismo. Quando o interior do nariz está seco, esse aparelho mucociliar não consegue fazer a limpeza de forma adequada, por isso é importante manter a região hidratada.
Quanto ao uso de mel no combate à tosse, é importante lembrar que crianças com menos de 1 ano não devem consumir mel por causa do risco de botulismo, doença neurológica provocada pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum.
Para crianças com mais de um ano, uma revisão de estudos publicada em 2018 indicou que o uso do mel pode proporcionar uma leve melhora na duração da tosse quando comparado ao uso de placebo ou à ausência de tratamento. Apesar de seus efeitos modestos, o mel mostrou algum benefício na redução dos sintomas, especialmente durante a noite, período em que a tosse costuma ser mais incômoda para a criança.
Já uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, investigou o uso do néctar de agave, uma substância natural com propriedades semelhantes às do mel, em bebês com idades entre 2 meses e 3 anos que apresentavam tosse aguda. Os resultados revelaram uma leve melhora nos sintomas entre os bebês que receberam a substância.
No entanto, esse efeito foi comparável ao obtido com o uso de placebo, o que sugere que os benefícios podem estar associados mais à expectativa de alívio do que à ação terapêutica real do produto. Os autores do estudo ressaltaram, em sua conclusão, que pais e profissionais de saúde devem considerar cuidadosamente o custo-benefício antes de optar por esse tipo de tratamento.
É essencial procurar atendimento pediátrico especialmente quando o bebê tem menos de seis meses, apresenta doenças respiratórias ou cardíacas, ou se surgir algum sinal de alerta, como tosse persistente por mais de cinco dias, piora durante a noite, febre igual ou superior a 38 °C.
Durante a consulta, é importante que os pais ou responsáveis relatem ao médico todos os sintomas observados, o momento em que surgiram e as medidas adotadas até então para tentar aliviar a tosse. Essas informações ajudam o pediatra a compreender melhor o quadro clínico e indicar a abordagem mais adequada para garantir o bem-estar e a recuperação do bebê.