Doença Ocular da Tireoide compromete a visão e afeta a autoestima
40% dos pacientes com diagnóstico de DOT desenvolvem quadros de ansiedade e depressão


A Doença Ocular da Tireoide (DOT) é uma condição inflamatória que compromete estruturas como o globo ocular, os músculos da órbita, as pálpebras e o tecido adiposo localizado atrás dos olhos. Os principais sintomas incluem vermelhidão, inchaço, dor, visão dupla e a protrusão ocular, em que os olhos parecem estar saltados ou excessivamente arregalados.
IndivÃduos acometidos com DOT enfrentam alterações significativas na aparência dos olhos, o que afeta diretamente sua autoestima e bem-estar emocional. Estimativas indicam que aproximadamente 40% dos pacientes com diagnóstico de DOT desenvolvem quadros de ansiedade e depressão. Além disso, mais de 60% relatam prejuÃzos em suas habilidades psicossociais, demonstrando o impacto profundo da doença na qualidade de vida.
A manifestação clÃnica da DOT pode variar significativamente entre os pacientes. Em muitos casos, há relatos de pessoas que passaram por diversos especialistas, receberam diagnósticos incorretos e, quando finalmente encontram um profissional capaz de reconhecer a enfermidade, o quadro já se encontra em estágio avançado.
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o processo diagnóstico da DOT no Brasil é complexo e frequentemente demorado. Muitos pacientes percorrem longos caminhos nos serviços de saúde, durante meses ou até anos, antes de receberem o diagnóstico adequado.
Nos casos mais severos, como na presença de neuropatia compressiva, uma complicação grave, é essencial que o diagnóstico seja feito de forma rápida e precisa, possibilitando uma intervenção cirúrgica imediata. No entanto, ainda são comuns os casos de pacientes que convivem com a doença por anos sem o devido diagnóstico, o que compromete seriamente a saúde ocular.
A identificação da DOT, frequentemente associada à Doença de Graves, um distúrbio autoimune que pode afetar a tireoide e causar hipertireoidismo, é realizada por meio de avaliação clÃnica, podendo ser complementada por exames de imagem quando necessário.
A doença exige uma abordagem de tratamento que varia conforme a fase da doença, ativa ou inativa, e a intensidade dos sintomas apresentados. O cuidado é, em geral, multidisciplinar, envolvendo profissionais como endocrinologistas, oftalmologistas e, em casos especÃficos, cirurgiões especializados.
Na fase ativa, quando há inflamação intensa, o foco do tratamento é controlar o processo inflamatório e proteger a visão. Nessa etapa, são comuns o uso de corticoides, que podem ser administrados por via oral ou intravenosa, e, em casos mais severos ou resistentes, medicamentos imunossupressores.Â
Já na fase inativa, quando o processo inflamatório cessa, o tratamento se volta para a reabilitação funcional e estética. Muitos pacientes apresentam sequelas, como olhos saltados, retração palpebral, estrabismo ou visão dupla. Nesses casos, podem ser necessárias cirurgias reconstrutivas, como a descompressão orbitária, a correção das pálpebras e a cirurgia dos músculos oculares, visando melhorar o alinhamento dos olhos e a qualidade visual.
Além dos procedimentos clÃnicos e cirúrgicos, o suporte psicológico torna-se essencial. A DOT impacta significativamente a aparência e, consequentemente, a autoestima e o bem-estar emocional dos pacientes. Por isso, o acompanhamento psicológico é altamente recomendado.