Gripe aviária acende alerta e ameaça avanço do agro goiano com a China
Mesmo sem casos confirmados no Estado, emergência zoossanitária é decretada e o setor teme impactos nas exportações

O agronegócio goiano, que vinha em curva de crescimento acelerado nas exportações de proteína animal, agora enfrenta um novo desafio: a ameaça da gripe aviária. A confirmação de um caso da doença em uma granja comercial do Rio Grande do Sul levou o Governo de Goiás a decretar situação de emergência zoossanitária, mesmo sem registros locais da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP).
A medida, preventiva, busca preservar o status sanitário do Estado e evitar impactos diretos sobre a produção e a imagem do setor avícola. No entanto, as repercussões da decisão aliadas ao temor global diante do vírus H5N1 que já se refletem no mercado internacional. Poucas horas após a confirmação do foco no Sul, a China, principal compradora da carne de frango brasileira, suspendeu temporariamente as importações do produto.
A resposta imediata do País reforça um ponto sensível para Goiás: embora o Estado não esteja no epicentro da crise sanitária, ou tenha apresentado casos da gripe, o impacto no agro goiano pode ser indireto, porém profundo. O comércio internacional opera com base na confiança e na credibilidade sanitária. Uma vez que o país de destino adota restrições por precaução, mesmo os Estados sem casos confirmados, como Goiás, acabam sendo atingidos economicamente.
Segundo Denise Toledo, gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa, o Brasil possui mais de 200 acordos comerciais com países que adotam critérios mais flexíveis que os chineses. Ainda assim, perder ainda que temporariamente o maior comprador mundial representa uma quebra importante na dinâmica de mercado.
Com o decreto, o governo goiano busca antecipar-se a um possível agravamento da situação nacional. Granjas comerciais com mais de mil aves já seguem protocolos rígidos de biosseguridade: instalações teladas, controle de acesso, limpeza e programas de contenção. Pequenas propriedades, chamadas de subsistência, também devem se cadastrar na Agrodefesa e seguir orientações específicas para evitar contato entre aves domésticas e silvestres.
Nesse sentido, o decreto estadual é estratégico: garante agilidade nas ações de vigilância e reforça os protocolos de biosseguridade já adotados nas granjas. Todas as unidades com mais de mil aves estão registradas na Agrodefesa e seguem protocolos exigentes.
“Essas granjas são obrigadas a ter estruturas teladas, controle de entrada de pessoas e veículos, programas de controle de pragas, cinturões verdes e outras barreiras físicas que dificultam o contato com animais silvestres”, afirma Rafael Vieira, diretor de Defesa Agropecuária.
Em criações menores, chamadas de subsistência, o Estado recomenda manter as aves em ambientes fechados, principalmente à noite, para evitar contato com pássaros migratórios. Todas essas propriedades devem estar cadastradas na Agrodefesa.
Além disso, o governo estadual atua com o Grupo Estadual de Emergência Zoossanitária (GEEZ), composto por 48 servidores treinados para atuar em situações de risco, e com o Comitê de Preparação e Resposta às Emergências, que reúne representantes da saúde, meio ambiente, segurança pública e setor produtivo. “Nosso foco é a prevenção e a resposta rápida. Qualquer notificação de suspeita pode ser feita diretamente pelo WhatsApp da Agrodefesa ou pelo sistema e-Sisbravet”, acrescenta Rafael.
A comunicação com os produtores também está sendo reforçada. Estão sendo realizadas ações de educação sanitária, reuniões com representantes do setor, além da exigência de apresentação de planos de contingência e biosseguridade, para impedir casos de gripe aviária no estado.
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