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terça-feira, 17 de junho de 2025
Saúde

Ortodontia preventiva pode ajudar crianças a superar inseguranças desde cedo

Especialista alerta para impactos emocionais do bullying estético e defende primeira avaliação ortodôntica por volta dos 6 anos

Luana Avelarpor Luana Avelar em 21 de maio de 2025

Muito antes de surgir uma indicação para uso de aparelho dentário, o que se observa em muitos consultórios é um gesto silencioso de vergonha: crianças que evitam sorrir, abaixam os olhos ou cobrem a boca. O bullying por aparência segue sendo uma das formas mais cruéis de exclusão na infância, e a saúde bucal tem papel central nessa equação. Em meio a esse cenário, a ortodontia preventiva surge como mais do que uma intervenção técnica — é uma forma de cuidado precoce que pode evitar não apenas complicações odontológicas, mas também marcas emocionais duradouras.

A ortodontista Patrícia Valéria Milanezi Alves, que acumula 30 anos de atuação clínica e acadêmica no Brasil e nos Estados Unidos, defende que o ideal é que a primeira consulta com um ortodontista ocorra por volta dos 6 ou 7 anos. Mesmo que os dentes ainda estejam em fase de troca, esse é um período estratégico para avaliar o crescimento facial, a posição da mordida, a respiração e hábitos que interferem no desenvolvimento bucal, como sucção digital, bruxismo ou interposição lingual.

“Em muitos casos, o que chega até nós não é apenas um desalinhamento dental, mas uma dor silenciosa de crianças que não se sentem à vontade com a própria imagem”, afirma a especialista. O tratamento precoce pode reduzir ou até eliminar a necessidade de intervenções futuras mais complexas, além de fortalecer a autoestima e a segurança emocional da criança.

Estudos sobre saúde mental na infância apontam que questões ligadas à aparência, especialmente envolvendo dentes, são frequentemente associadas a quadros de retraimento, isolamento e queda no rendimento escolar. Em um ambiente social como a escola, onde o riso e a interação são constantes, a vergonha de sorrir pode se transformar em uma barreira ao desenvolvimento.

A ortodontia preventiva, portanto, não atua apenas sobre estruturas ósseas, mas também sobre dimensões subjetivas da infância. Para a ortodontista, é preciso olhar para cada paciente como alguém em construção — de identidade, de vínculos, de autoconfiança. “Cuidar do sorriso de uma criança é dar a ela ferramentas para ocupar o mundo com mais leveza”, resume.

Sinais como dificuldade para mastigar, dormir de boca aberta, respiração ruidosa, e mudanças no comportamento social podem indicar a necessidade de uma avaliação. A escuta sensível de profissionais capacitados, aliada ao uso de tecnologias de diagnóstico e planejamento individualizado, pode fazer diferença significativa na trajetória de vida desses pequenos pacientes.

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