Itaberaí em Goiás se torna o maior polo avícola do país com 16,2 milhões de aves
Dados do IBGE apontam concentração recorde de frangos de corte em Goiás

O município de Itaberaí, na região central de Goiás, registrou em 2023 o maior plantel avícola, aves, do Brasil, com mais de 16 milhões de galináceos. Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e colocam a cidade goiana à frente de tradicionais polos do setor, como Santa Maria de Jetibá (ES) e São Bento do Una (PE).
O crescimento da avicultura na região é impulsionado principalmente pela criação de frangos de corte e pelo aumento da capacidade de abate e processamento. A presença de frigoríficos com habilitação para exportação, localizados em municípios próximos, também favorece a consolidação de Itaberaí como líder nacional no setor. O rebanho expressivo contribui diretamente para a balança comercial goiana, especialmente no que diz respeito à carne de frango.
Goiás avança nas exportações de aves
No primeiro quadrimestre de 2025, as exportações de carne de frango de Goiás ultrapassaram 91 mil toneladas. Isso representou um crescimento de 15,6% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados compilados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Apesar da recente suspensão de embarques por parte de alguns mercados internacionais, o estado se manteve como o quinto maior exportador brasileiro do produto.
As exportações goianas tiveram como principais destinos o Japão, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e a China. Parte considerável dessa produção tem origem em regiões como Itaberaí, onde a cadeia produtiva está diretamente ligada ao comércio internacional. Com isso, o município assume protagonismo não apenas na quantidade de aves, mas também na articulação de logística, armazenagem e transporte de proteína animal.
O desempenho positivo ocorre mesmo diante de um cenário sanitário instável. Em maio de 2025, foi registrado o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no município de Montenegro (RS). O caso acendeu um alerta em todo o setor avícola brasileiro e resultou em suspensões temporárias de importações por países da Ásia e da Europa.
Estado reforça vigilância após foco de gripe aviária no Sul
Embora Goiás não tenha identificado focos da doença em seu território, o governo estadual decretou, no dia 20 de maio, situação de emergência zoossanitária preventiva por 180 dias. A medida visa intensificar as ações de vigilância, mobilização de fiscais, controle sanitário em granjas e restrições no transporte de animais vivos.
A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa) informou que a ação tem caráter preventivo e segue o protocolo nacional de enfrentamento à influenza aviária de alta patogenicidade. O estado já havia iniciado em 2023 um plano de biossegurança nas regiões produtoras, com foco em capacitação técnica e orientações aos avicultores.
O alerta sanitário, embora preocupante, não paralisou os embarques goianos. As autoridades estaduais ressaltaram que o foco detectado no Sul não comprometeu as exportações originadas em Goiás, graças ao controle regionalizado adotado pelos parceiros comerciais. Mesmo assim, o setor produtivo trabalha para evitar contaminações e prejuízos que possam afetar a imagem do produto brasileiro.
Itaberaí cresce com apoio da indústria e do setor logístico
O crescimento expressivo do plantel de aves em Itaberaí está diretamente associado à instalação e à expansão de empresas integradoras, que fornecem insumos, assistência técnica e garantem o escoamento da produção. O modelo de integração tem se mostrado eficiente, com pequenos e médios produtores integrados a grandes processadoras da região.
Outro ponto estratégico é a localização geográfica de Itaberaí. Próxima da BR-070 e de centros logísticos importantes, a cidade possui fácil acesso ao eixo Goiânia–Brasília e às rotas de exportação que se conectam aos portos do Sudeste e do Sul do país. Isso garante maior agilidade no transporte da carne refrigerada e reduz os custos operacionais das exportadoras.
A avicultura também impulsiona outros setores da economia municipal. Com a intensificação da produção, há aumento da demanda por mão de obra, ração, equipamentos, medicamentos veterinários, embalagens e serviços diversos. Isso tem gerado novos empregos diretos e indiretos e ampliado a arrecadação tributária local.

Expectativa é de recuperação rápida
Mesmo com a suspensão temporária de compras por países como Japão e União Europeia após o registro do foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul, a expectativa de entidades do setor é de retomada rápida dos embarques. Como o caso foi isolado, as exportações de outras regiões do país não foram bloqueadas totalmente.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Goiana de Avicultura (AGA) atuam junto ao governo federal para apresentar relatórios sanitários aos países parceiros. A estratégia é comprovar a rastreabilidade da produção goiana e garantir que os produtos estejam livres de contaminação.
Por enquanto, os embarques seguem para mercados que não adotaram restrições, como os países do Oriente Médio, África e América do Sul. Em paralelo, as empresas têm ampliado estoques para atender à demanda interna, que cresce em ritmo constante.
Avicultura em Goiás atrai investimentos
Com a liderança nacional conquistada por Itaberaí e o avanço das exportações, a avicultura em Goiás tem atraído novos investimentos. Frigoríficos têm expandido suas plantas industriais, empresas de genética animal vêm se instalando no estado e há um crescente interesse de fundos de investimento no setor de proteína animal.
A tendência é de que Goiás consolide ainda mais sua posição nos próximos anos. Para isso, será necessário manter altos padrões sanitários, investir em tecnologia e garantir políticas públicas de apoio ao setor produtivo. A combinação entre estrutura, mão de obra qualificada e localização estratégica coloca o estado como um dos protagonistas do agronegócio brasileiro.