Mabel tenta reverter imagem deteriorada após impedir ações sociais
Denunciadas pelo Jornal O Hoje, as ações truculentas de Mabel movimentaram a Câmara Municipal de Goiânia
O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), tenta reverter a imagem deteriorada após desgaste ao impedir o trabalho voluntário de assistência a indivíduos em situação de vulnerabilidade social. Nesta terça-feira (21), às 19h30, realizou a entrega de cobertores aos moradores de rua. O ato, no entanto, aconteceu em um contexto de críticas às atuações da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que a mando do gestor municipal, vem constrangendo essas pessoas a aceitarem os projetos de auxílio.
Nesse sentido, Mabel entra em contradição com as próprias medidas, uma vez que ao mesmo tempo que impede ações sociais de instituições privadas, apontando que incentiva os indivíduos a permanecerem nas ruas, fomenta medida que diz combater. Ao divulgar, disse que ações como essas representam o mínimo de dignidade e acolhimento para as pessoas vulneráveis. “É muito triste ver nossos irmãos nessa situação, e não podemos deixá-los passar frio”, afirmou.
Denunciadas pelo Jornal O Hoje, as ações truculentas de Mabel movimentaram a Câmara Municipal de Goiânia. Nesta terça-feira (20), a vereadora da oposição, Kátia Maria (PT), apresentou um projeto de lei que pretende proibir a obstrução ou criminalização de ações de ajuda humanitária. Caso aprovada, a medida entra em confronto com a política de intervenção da prefeitura que pretende retirar os moradores das ruas de Goiânia.
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“A ação da prefeitura foi desumana, e entramos com projeto de lei que proíbe qualquer ato que impeça prestação de ajuda humanitária a pessoas em situação de rua e em vulnerabilidade social em Goiânia”, apontou Kátia. A proposta proíbe ações repressivas contra voluntários, contra organizações sociais ou contra cidadãos que ofereçam alimentos, cobertores, itens de higiene ou atendimento emergencial a pessoas em situação de rua. O projeto de lei ainda será analisado por comissões da Câmara.
A vereadora criticou a gestão do prefeito, que admitiu à imprensa ter autorizado ações da GCM para dispersar pessoas em situação de rua da Praça Joaquim Lúcio. “Foi uma violência policial deliberada, com autorização do prefeito. Ele próprio afirmou que fez isso e que fará em outros lugares”, ressaltou Kátia. “Nós queremos a revitalização dos espaços públicos, mas com dignidade. Não adianta remover pessoas de um lugar, achando que isso resolve o problema. Só muda de endereço. Precisamos de políticas públicas, não de truculência”, completou.
A vereadora também denunciou o descaso da prefeitura em relação ao cumprimento de obrigações legais. “A prefeitura não apresentou, até hoje, plano de ação da política para a população em situação de rua, nem criou o Comitê Intersetorial previsto por resolução do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em vez disso, Kátia afirmou que a prefeitura adota medidas isoladas, equivocadas e repressivas, que violam direitos humanos e que podem trazer consequências legais para a gestão.” “Nós precisamos dar tratamento digno a todas as pessoas e ampliar ações que possam reduzir o quantitativo da população em situação de rua. Isso tem que ser feito com garantia de direitos e de forma humanizada”, afirmou a parlamentar.
Setor Central
A distribuição dos cobertores foi realizada no Centro Pop, no Setor Central. As equipes da Secretaria Municipal de Política para Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh) ainda vão percorrer locais de maior concentração de pessoas em situação de rua para dar continuidade à ação emergencial devido às quedas da temperatura na capital. Os cobertores foram doados pela Organização Voluntárias de Goiás (OVG), pela campanha Aquecendo Vidas 2025.