O consumo moderado de café pode ser um aliado para adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), de acordo com estudos recentes publicados na revista científica Nutrients. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Aberta da Catalunha, analisou o impacto da cafeína na cognição de indivíduos com o transtorno e indicou efeitos positivos sobre atenção, concentração e memória de trabalho.

Dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) estimam que cerca de 5,2% dos brasileiros entre 18 e 44 anos convivem com o TDAH, número que sobe para 6% na população acima dos 45 anos. O aumento nos diagnósticos tardios tem impulsionado a busca por estratégias complementares aos medicamentos tradicionais, entre elas o uso consciente da cafeína.

“Quando consumida com moderação, a cafeína atua no sistema nervoso central, promovendo a liberação de dopamina, neurotransmissor fundamental para o foco e a motivação”, explica a nutricionista Daniela Zaminiani. “Em adultos, especialmente os que enfrentam dificuldades de concentração, o café pode ser um recurso funcional, desde que integrado a uma rotina equilibrada”, afirma.

Moderação é fundamental

Embora os benefícios sejam reconhecidos, os especialistas alertam para os riscos do consumo excessivo. Insônia, ansiedade, taquicardia e desconfortos gastrointestinais estão entre os efeitos colaterais comuns. Além disso, a cafeína não é indicada para crianças com TDAH, por causa da sensibilidade acentuada ao efeito estimulante da substância.

A recomendação para adultos gira em torno de até 400 miligramas de cafeína por dia — o equivalente a cerca de quatro xícaras de café coado, dependendo da concentração. “O segredo está na dose e no momento do consumo”, destaca Zaminiani. “Tomar café de forma estratégica pode melhorar a performance em tarefas cognitivas, desde que haja atenção aos sinais do corpo”.

Alternativa acessível

Para pessoas que descobriram o TDAH na vida adulta, especialmente aquelas que enfrentam dificuldade de acesso ao tratamento médico contínuo, o café surge como uma alternativa acessível de suporte ao desempenho mental. No entanto, os especialistas reforçam que a substância não substitui a abordagem clínica ou terapêutica.

“O café pode ser prazeroso e funcional, mas não deve ser tratado como solução única. O acompanhamento profissional é sempre necessário”, conclui a nutricionista.