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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Cooperação Internacional

FIDA defende agricultura familiar como pilar do desenvolvimento rural no Sul Global

Vice-presidente do Fundo destaca papel do Brasil e da África em estratégia conjunta por segurança alimentar e justiça social

Luana Avelarpor Luana Avelar em 25 de maio de 2025
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O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), braço da ONU voltado à promoção de segurança alimentar e combate à pobreza rural, teve participação central na conferência do II Diálogo Brasil-África, realizado nesta semana em Brasília. Com a presença de delegações de mais de 40 países, o encontro serviu como plataforma para fortalecer a cooperação Sul-Sul e buscar soluções conjuntas em segurança alimentar e desenvolvimento sustentável.

A vice-presidente do FIDA, Gerardine Mukeshimana, afirmou que “compartilhar soluções práticas, localmente adaptadas e sustentáveis entre países com contextos semelhantes é uma das formas mais eficazes de transformar zonas rurais e empoderar comunidades”. A fala reforça a estratégia do Fundo de articular redes de conhecimento e financiamento voltadas à agricultura familiar — setor considerado essencial para o avanço social e econômico no Sul Global.

Na avaliação de Mukeshimana, instituições multilaterais precisam deixar de ser apenas financiadoras e assumir um papel de articuladoras de sistemas. “Devemos construir, junto a governos, bancos públicos, setor privado e comunidades, um ecossistema de oportunidades de investimento escaláveis”, defendeu durante o evento.

Brasil como eixo estratégico

O Brasil ocupa um papel estratégico nas operações do FIDA na América Latina e Caribe. Segundo dados da entidade, 50% dos investimentos do Fundo na região estão concentrados no país, que possui o 10º maior portfólio global da instituição, com US$ 1 bilhão já investidos desde 1978. Os projetos apoiados atuam, sobretudo, em áreas rurais do Nordeste e, mais recentemente, avançam sobre os biomas da Amazônia e da Mata Atlântica.

Os programas incluem ações voltadas à agricultura familiar, à segurança alimentar, à reforma agrária e à geração de renda em comunidades vulneráveis. A partir dessas experiências, o Brasil tem se tornado um importante polo de intercâmbio com países africanos, em parcerias que envolvem desde tecnologia agroecológica até estratégias de organização social no campo.

Desafios comuns, soluções compartilhadas

Criado como uma das iniciativas da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza do G20, o Diálogo Brasil-África busca consolidar estratégias para erradicar a fome por meio de soluções que levem em conta o protagonismo local e a soberania alimentar. Um dos focos da edição deste ano foi evidenciar a importância de políticas públicas que financiem e protejam pequenos produtores, especialmente em contextos de crise climática, desigualdade social e pressão por commodities agrícolas.

De acordo com o FIDA, mais de 60% de seus investimentos globais estão voltados à América Latina e à África. A organização destacou que, em ambas as regiões, agricultores familiares já protagonizam inovações em manejo do solo, cultivos resilientes e organização em cooperativas, mas carecem de apoio estruturado para ampliar seu impacto.

“Os pequenos produtores não podem fazer isso sozinhos”, afirmou Mukeshimana. “É preciso ação conjunta, com financiamento público, articulação institucional e valorização do conhecimento local”.

Ecossistema de desenvolvimento

Ao final do encontro, o FIDA reafirmou seu compromisso em atuar não apenas como fonte de recursos, mas como facilitador de um ecossistema global de desenvolvimento rural. A vice-presidente destacou que a ampliação da cooperação entre Brasil e países africanos deve incluir formação técnica, redes de pesquisa, financiamento estruturado e intercâmbio permanente entre governos e movimentos sociais.

Para a organização, o fortalecimento da agricultura familiar e o investimento em zonas rurais são condições fundamentais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, especialmente no que diz respeito à erradicação da pobreza, combate à fome e redução das desigualdades.

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