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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Esquecer da vacina contra tétano ainda é comum — e pode ser fatal

Doença grave atinge centenas por ano no Brasil, com letalidade acima de 25%, apesar de ser totalmente evitável por vacinação

Luana Avelarpor Luana Avelar em 10 de junho de 2025
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Antiviral Vaccination, Immunization. Mature medical worker sticking plaster bandage on patient's shoulder after injection in health centre. Pregnant black woman getting vaccine for Covid prevention

O tétano é uma das poucas doenças potencialmente fatais que ainda circulam no Brasil mesmo tendo vacina gratuita e disponível em todas as unidades básicas de saúde. O esquecimento ou desconhecimento sobre os reforços periódicos é o principal fator que mantém o número de casos estável e a taxa de mortalidade elevada.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 192 casos de tétano acidental em 2022, 222 em 2023 e 128 em 2024. Em todos os anos, a letalidade ficou acima de 26%. O dado contrasta com países desenvolvidos, onde a taxa varia entre 10% e 17%. No Brasil, a maioria dos óbitos é registrada entre idosos e trabalhadores rurais, populações que historicamente apresentam baixa cobertura vacinal de reforço.

A bactéria causadora do tétano, Clostridium tetani, está presente no solo, em fezes de animais e humanos, além de superfícies metálicas e sujas. A contaminação ocorre por meio de ferimentos na pele, especialmente perfurações, cortes ou arranhões mal higienizados. Os sintomas mais comuns são rigidez muscular, febre, dificuldade de movimentar o maxilar e contrações involuntárias, que podem evoluir para parada respiratória.

A vacina é oferecida pelo SUS desde os primeiros meses de vida. Crianças recebem três doses da pentavalente, aos dois, quatro e seis meses, seguidas de reforços aos 15 meses e aos quatro anos. A partir da adolescência, o indicado é tomar uma dose de reforço a cada dez anos com a vacina dupla adulto. Em casos de ferimentos com risco de contaminação, como lesões com metal, terra ou fezes, o intervalo entre reforços deve ser reduzido para cinco anos.

Estudo publicado pela Fiocruz em 2024 apontou que 28% dos adultos entre 30 e 60 anos não sabiam precisar a data da última vacina contra tétano. Em áreas rurais e regiões com menor acesso à saúde, a taxa chega a 40%. A ausência de sintomas específicos nas fases iniciais da doença contribui para o diagnóstico tardio e o agravamento do quadro clínico.

O tratamento exige internação em unidade de terapia intensiva, sedação contínua e uso de antitoxinas. Mesmo com suporte adequado, a reversão dos sintomas é difícil. Por isso, a prevenção por meio da vacinação é a única forma efetiva de evitar complicações graves e mortes.

Segundo o Ministério da Saúde, campanhas de conscientização têm sido reforçadas desde 2023, mas ainda enfrentam resistência e desinformação. Muitos adultos nunca completaram o esquema vacinal ou perderam o acompanhamento após a adolescência. Outro desafio é o desconhecimento sobre a necessidade de reforço em caso de ferimentos considerados simples, como arranhões com cercas, galhos ou ferramentas.

O tétano, embora negligenciado, ainda representa um risco real no Brasil. Manter a vacinação em dia é um gesto simples que pode salvar vidas.

 

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