O desgaste de tênis de corrida pode comprometer a absorção de impacto e elevar o risco de lesões, mesmo que o calçado ainda pareça visualmente conservado. Pesquisas científicas publicadas na Footwear Science Journal e na American Journal of Sports Medicine apontam que, após 400 a 800 quilômetros de uso, a performance das estruturas internas, como espuma e entressola, sofre deterioração progressiva.

Testes de laboratório indicam que o nível de amortecimento pode cair em até 33% após 500 km de uso, o que leva a alterações na mecânica da pisada. Essa mudança, segundo revisão da Sports Medicine Open, está associada ao aumento de quadros clínicos como tendinites, fascite plantar e dores na lombar. A intensidade da queda de desempenho varia conforme o tipo de material, terreno percorrido e características do usuário, como peso e padrão de passada.

Fabricantes como Adidas, Asics e Under Armour recomendam a substituição dos calçados entre 600 km e 1.000 km, mas reconhecem que o prazo ideal depende do perfil do corredor. A marca On Running destaca que o ritmo e a frequência de treinos influenciam diretamente na durabilidade do produto, sendo mais curto para atletas de alta performance.

A quilometragem percorrida pode ser acompanhada por meio de aplicativos esportivos como Strava, Garmin Connect e Nike Run Club, que permitem cadastrar o modelo de tênis utilizado em cada treino. Além disso, sinais como solado desgastado de forma irregular, perda de flexibilidade ou endurecimento da espuma indicam a necessidade de troca.

Estudos sugerem ainda que o rodízio entre dois ou mais pares de tênis contribui para preservar a integridade dos materiais e reduzir o impacto repetitivo sobre as articulações. A alternância permite que as estruturas internas do calçado se recuperem entre um uso e outro, o que pode ampliar a vida útil dos modelos e minimizar o risco de lesões.