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quarta-feira, 16 de julho de 2025
Saúde

Bactérias do nascimento podem proteger bebês de infecções pulmonares

O estudo analisou amostras de fezes de 1.082 bebês na primeira semana de vida

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 13 de junho de 2025
Bactérias do nascimento podem proteger bebês de infecções pulmonares. | Foto: Reprodução/stock

As primeiras bactérias às quais um recém-nascido é exposto podem desempenhar um papel crucial na proteção contra infecções pulmonares, conforme apontam pesquisadores do Reino Unido. Pela primeira vez, cientistas demonstraram que determinadas espécies bacterianas, consideradas benéficas, estão associadas à redução de até 50% no risco de hospitalizações por infecções respiratórias em crianças pequenas.

O estudo, conduzido por especialistas da University College London (UCL) e do Sanger Institute, analisou amostras de fezes de 1.082 recém-nascidos na primeira semana de vida. Por meio de uma análise genética aprofundada, os pesquisadores identificaram quais micro-organismos habitavam o intestino de cada bebê e avaliaram como essas bactérias iniciais influenciaram a saúde das crianças nos dois anos seguintes, com base em registros hospitalares.

Um dos principais achados do estudo envolve a bactéria Bifidobacterium longum, que se destacou por seu potencial efeito protetor. Apenas 4% dos bebês que apresentavam essa espécie foram internados com infecções pulmonares nos dois primeiros anos de vida, um percentual significativamente menor em comparação com crianças que tinham outras bactérias colonizando seu intestino no início da vida.

Os autores do trabalho descrevem os resultados como uma descoberta “fenomenal”, com potencial para inspirar terapias que estimulem a colonização por bactérias benéficas logo após o nascimento. Embora o vírus sincicial respiratório (VSR) seja apontado como uma das causas mais prováveis das internações, a presença da B. longum parece estar relacionada a uma resposta imunológica mais eficiente. A hipótese é que essa bactéria, ao digerir componentes do leite materno, produz compostos que interagem diretamente com o sistema imune do bebê, auxiliando no amadurecimento da resposta imunológica e na distinção entre agentes inofensivos e ameaças reais.

A pesquisa também revelou que a presença da bactéria protetora foi observada apenas em bebês nascidos por parto normal, mas não em todos os casos. Isso sugere que, embora o tipo de parto seja um fator relevante na formação do microbioma, ele não é determinante isolado. Os cientistas descartam, com base nesses dados, a adoção da chamada “semeadura vaginal”, prática que tenta transferir bactérias vaginais da mãe para recém-nascidos de cesariana, como medida eficaz.

A principal fonte das bactérias benéficas, segundo os autores, parece estar no intestino materno. Com base nessas evidências, os pesquisadores já vislumbram o desenvolvimento de intervenções microbianas direcionadas, como suplementos probióticos, que poderiam ser administrados a recém-nascidos para estimular uma formação saudável do microbioma.

Embora os efeitos positivos tenham sido observados em nascimentos vaginais, os autores enfatizam que o parto por cesariana continua sendo, em muitos casos, uma escolha segura e necessária. Ainda assim, os resultados reforçam a importância de mais investigações sobre como os primeiros microrganismos influenciam a saúde infantil a longo prazo. Porém, cientistas confirmam que serão necessários novos estudos para entender todos os fatores que influenciam a colonização bacteriana e como isso se traduz em proteção contra infecções.

 

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