Pneumonia avança rápido e pode ser fatal se não tratada corretamente
A pneumonia viral ocorre em associação com quadros respiratórios anteriores
Após 50 dias de internação no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, o sambista Arlindo Cruz, de 66 anos, deve receber alta nos próximos dias. Ele foi hospitalizado em abril devido a um quadro de pneumonia.
A pneumonia, infecção que atinge os pulmões, continua a representar uma das maiores ameaças à saúde pública global. Causada por bactérias, vírus e, em casos raros, fungos, a doença atinge com maior frequência indivíduos com doenças pulmonares crônicas, idosos acima de 60 anos e crianças com menos de cinco anos. Embora não seja contagiosa, a infecção pode evoluir rapidamente e levar à morte quando não tratada adequadamente. Segundo autoridades de saúde, a pneumonia é hoje a principal causa de óbito por enfermidade infecciosa em escala mundial.
Os sintomas iniciais das diferentes formas da doença, bacteriana, viral e fúngica, são semelhantes aos da gripe, o que pode dificultar o diagnóstico. Febre alta, tosse, catarro amarelado e dificuldade para respirar são manifestações comuns, mas a pneumonia apresenta também sinais mais específicos, como dor torácica aguda, respiração acelerada, sensação de peso no peito, calafrios, alterações na pressão arterial e fadiga intensa. Em muitos casos, esses sintomas persistem mesmo após a administração de medicamentos, prolongando o desconforto por três dias ou mais.
A forma bacteriana da pneumonia tende a evoluir de maneira mais rápida e costuma surgir sem a presença de sintomas respiratórios prévios. Em ambientes hospitalares, esse tipo de infecção apresenta riscos ainda maiores, especialmente entre pacientes com imunidade comprometida, devido à presença de agentes infecciosos mais agressivos e resistentes a antibióticos.
A pneumonia viral, por sua vez, geralmente ocorre em associação com quadros respiratórios anteriores, como gripes, resfriados ou infecções por coronavírus. Já a versão fúngica é rara, tem progressão lenta e costuma manifestar sintomas de forma arrastada, com febre mais baixa. Este tipo de infecção está ligado ao contato com ambientes isolados, como cavernas ou locais com grande acúmulo de material orgânico, sendo pouco comum em áreas urbanas.
A pneumonia adquirida na comunidade ocorre quando o indivíduo entra em contato com microrganismos presentes no ambiente cotidiano. A infecção se instala, na maioria dos casos, devido a fragilidades no sistema imunológico. Já a pneumonia hospitalar é contraída por pacientes internados, especialmente os que estão intubados, e costuma ser mais letal, em virtude da resistência dos agentes infecciosos encontrados nesse ambiente.
Entre os grupos mais vulneráveis à infecção estão crianças pequenas, idosos, diabéticos, imunodeprimidos e pessoas com doenças respiratórias preexistentes. Fatores externos, como exposição à poluição ou agravamento de quadros clínicos prévios, também contribuem para o desenvolvimento da doença.
As complicações associadas à pneumonia podem ser severas. A mais comum é a insuficiência respiratória causada pela baixa oxigenação do sangue, o que pode evoluir para parada cardiorrespiratória. Em casos mais graves, o quadro infeccioso pode desencadear uma sepse, resposta inflamatória generalizada do organismo, levando à queda brusca da pressão arterial e falência múltipla de órgãos.
Outras complicações incluem a formação de abscesso pulmonar, caracterizado pela morte de parte do tecido pulmonar e acúmulo de pus; e o empiema, presença de secreção purulenta entre o pulmão e a parede torácica. Ambas as condições, se não tratadas rapidamente, podem ter desfechos fatais.
Lesões irreversíveis no tecido pulmonar também estão entre os riscos associados à doença, especialmente quando há uma resposta inflamatória intensa. Nestes casos, a dificuldade respiratória é intensa e o paciente pode necessitar de ventilação mecânica por períodos prolongados.
O tratamento varia conforme a origem da infecção. Médicos podem prescrever antibióticos, antivirais, antifúngicos ou antiparasitários, de acordo com o agente causador. Além da medicação, terapias complementares, como exercícios de respiração profunda e oxigenoterapia, podem ser indicadas. Pacientes com baixos níveis de oxigênio geralmente recebem suporte por meio de cânulas nasais.
Embora o repouso seja essencial, profissionais de saúde recomendam evitar a imobilidade total. Pequenos movimentos e caminhadas curtas dentro de casa, ou mesmo sentar-se fora da cama em ambientes hospitalares, são atitudes que ajudam na recuperação e previnem complicações adicionais.