Cantor famoso ironiza morte de brasileira na Indonésia: ”Fo***-se”
Publicação de Digão, vocalista e guitarrista da banda Raimundos, sobre tragédia no Monte Rinjani, provocou indignação e críticas ao músico
A repercussão da morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, no Monte Rinjani, na Indonésia, ganhou um novo capítulo no último domingo (29), após o cantor e guitarrista Digão, de 54 anos, integrante da banda Raimundos, publicar um comentário que gerou grande repercussão negativa nas redes sociais. A postagem do músico, feita em seu perfil no Instagram, relaciona a tragédia a uma manifestação política da vítima.
Juliana caiu de um penhasco de aproximadamente 300 metros durante uma trilha no último dia 20 de junho. Ela fazia parte de um grupo que seguia rumo ao cume do Monte Rinjani, conhecido por sua altitude, paisagens e condições climáticas adversas. Após cinco dias de buscas, equipes de resgate localizaram o corpo da jovem.
Postagem do cantor associou tragédia a posicionamento político da vítima
A controvérsia envolvendo o cantor Digão começou com a publicação de uma imagem da mochila usada por Juliana durante a trilha. Na mochila, havia um adesivo com a frase “Ele Não”, um dos principais símbolos de oposição ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O músico escreveu, em tom irônico: “Quando o mundo dá a volta, não adianta chorar e fingir surpresa… #ELESIM mandou o fo**-se pra vocês”.

A postagem foi interpretada como um deboche diante da morte de Juliana. A reação foi imediata. Diversos usuários classificaram a atitude como desrespeitosa, desumana e insensível. Uma internauta escreveu na plataforma X (antigo Twitter): “Que ridículo isso, o que tem a ver lado político nessa hora? Realmente o ser humano é podre por dentro. Se ela apoiava ou não algum partido, isso não faz diferença nenhuma agora. Foi uma vida que foi embora”.
Outro usuário comentou: “Eu li tanta coisa horrenda sobre esta menina depois que descobriram o #EleNão na mochila. Se dói em mim ver tanto ódio, imagina a família vê a memória dela sendo atacada por pessoas que vangloriam o desastre e a negligência com a vida dela”.
O ator Felipe Solari também se pronunciou sobre a declaração de Digão: “Quando eu olho pra Digão e Rodolfo do Raimundos, fica claro quem seguiu um caminho de luz e quem seguiu um caminho nublado. E não tô falando de política não… tô falando de escolha e visão de vida”.
Até o fechamento desta reportagem, Digão não havia feito novo pronunciamento ou retratação pública sobre o comentário.

Detalhes do acidente no Monte Rinjani
Juliana Marins iniciou a trilha rumo ao cume do Monte Rinjani na sexta-feira (20). Segundo relatos, a brasileira sentiu cansaço e decidiu se afastar do grupo e do guia que os acompanhava. Ela teria se perdido durante a subida e, em determinado ponto do trajeto, caiu de uma encosta íngreme com cerca de 300 metros de profundidade.
As buscas começaram no mesmo dia, mas as equipes de resgate enfrentaram obstáculos, como baixa visibilidade e limitações nos equipamentos. De acordo com os responsáveis pela operação, a corda levada inicialmente era curta demais para alcançar a área onde a queda ocorreu.
O corpo de Juliana foi localizado apenas no dia 25 de junho, já sem vida. Três equipes participaram do resgate, que mobilizou autoridades locais e apoio logístico por parte de brasileiros que acompanhavam o caso.
O falecimento de Juliana mobilizou amigos, familiares e usuários de redes sociais, que fizeram homenagens e publicações pedindo respeito à sua memória. Também surgiram críticas à forma como figuras públicas abordam tragédias com conotações políticas. Internautas expressaram preocupação com o uso de situações como essa para disseminar discursos polarizados.