Compensar a queima das reservas globais de petróleo e outros combustíveis fósseis só com o plantio de árvores pode ser algo inviável dos pontos de vista físico, econômico e ambiental. É o que mostra um estudo científico publicado na revista Communications Earth & Environment.

O trabalho estima que as 200 maiores empresas de petróleo, gás e carvão do mundo detêm reservas que, se forem todas usadas, liberariam cerca de 673 gigatoneladas de Dióxido de carbono (CO₂). Para neutralizar essas grandes emissões de poluentes climáticos, somente com o replantio de florestas, seria necessário restaurar aproximadamente 24,75 milhões de km², equivalentes à toda a área da América do Norte.

Isso também é impraticável do ponto de vista financeiro. Com um custo médio de quase R$ 90 por tonelada de CO₂ removido com reflorestamento, seria necessário o equivalente a R$ 60 trilhões para cobrir o sequestro de carbono dessas reservas fósseis.

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A cifra supera o valor de mercado das empresas envolvidas. A proposta implicaria em deslocar milhões de pessoas, sacrificar áreas agrícolas e comprometer ecossistemas naturais. Ainda, a busca por terras poderia estimular desmates em outras regiões, num efeito inverso ao desejado.

Diante desse cenário, especialistas reforçam que plantar árvores está longe de ser uma solução definitiva da crise climática. Sem recuar, o artigo na Communications Earth & Environment destaca que muitos projetos para compensar a poluição climática com plantio de árvores seriam frágeis e sujeitos a problemas em sua execução, como incêndios, secas ou mudanças políticas.

Considerando isso, os pesquisadores ressaltam que soluções baseadas na natureza precisam ser incentivadas e financiadas, mas que elas só terão impacto real quando acompanhadas de uma redução rápida e real no uso de petróleo, carvão e gás. Contudo, plantar árvores não beneficia só o clima, mas pode também ajudar a biodiversidade, os solos e a água.

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