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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Crianças

Mattel e OpenAI fazem acordo para unir IA e brinquedos

Pesquisadora em Inteligência Artificial (IA) afirma que essa pode ser uma tentativa de recuperar a atenção das crianças em brinquedos físicos

Eduarda Leitepor Eduarda Leite em 10 de julho de 2025
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Acordo entre Mattel e empresa criadora do ChatGPT pretende revolucionar o mercado de brinquedos para crianças. (Foto: Freepik)

A Mattel, multinacional que se define como “líder global em brinquedos e entretenimento familiar”, fechou, neste ano, um acordo com a OpenAI, a empresa criadora do ChatGPT. Em nota, a Mattel informou que o acordo deve reunir expertises de ambas empresas para “projetar, desenvolver e lançar experiências inovadoras para crianças e fãs do mundo todo”. 

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A empresa é famosa por marcas como a Fisher Price, que tem o público-alvo em bebês e crianças pequenas de até 5 anos de idade. Entre outras marcas filiadas à Mattel estão Hot Wheels e Barbie. A previsão é de que, ainda em 2025, seja lançada a “Barbie Inteligente”. Segundo a Mattel, o brinquedo permitirá que as crianças tenham brincadeiras personalizadas e conversas dinâmicas com a boneca.

 

Crianças com novas brincadeiras preferidas 

A agência de marketing britânica OnePoll realizou uma pesquisa com 3 mil famílias. O levantamento revelou que apenas 27% das crianças têm o hábito de se divertir fora de casa. Há algumas décadas, quando a população de 55 a 64 anos era criança, esse número era de 80%. Esses dados evidenciam a mudança de interesse do público infantil.

“É possível que essa parceria represente uma tentativa da empresa (Mattel) de reconquistar a atenção das crianças. Especialmente agora, nesse cenário de brincadeiras analógicas, que estão perdendo espaço para as experiências digitais”, explica Jullena Normando, pesquisadora em Comunicação e Inteligência Artificial pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

A especialista explica que, mais do que uma simples atualização tecnológica, a introdução das IA’s nos brinquedos desloca a experiência do brincar para uma zona desconhecida. Nesta, o vínculo afetivo é mediado por respostas pré-programadas matematicamente. “É uma forma de encantamento que parece espontânea, mas, no fundo, está ancorada em modelos de dados”, pontua a pesquisadora. 

Ainda de acordo com ela, é possível que essas novas interações limitem a imaginação das crianças. “Podemos estar condicionando uma próxima geração menos crítica, menos criativa, menos imaginativa. Isso acontece na medida em que elas preferiram interagir com brincadeiras digitais em relação às analógicas”, diz a pesquisadora Jullena.

 

Efeitos psicológicos nas novas gerações

Mudanças de comportamento por conta de novas tecnologias não é algo inédito. Com o GPS, conhecer todas as rotas de cabeça se tornou opcional; com as calculadoras, “fazer conta de cabeça” também deixou de ser a única opção. Segundo a psicóloga Camilla Paiva, essas ferramentas, apesar de úteis, trazem perdas de certas habilidades. Porém, tratando-se de IA’s, o prejuízo pode ser maior, especialmente para crianças.

“A perda é mais significativa pois a IA passa a funcionar como as sinapses cerebrais. Ela vai trazer um pensamento um pouco mais complexo, e com isso há perdas em habilidade de raciocínio, e análise crítica”, diz a psicóloga.

A especialista em saúde mental afirma que, apesar de tudo, a inserção da IA não será, necessariamente, negativa. De acordo com ela, o caminho não é isolar a criança das inovações. “É sobre equilíbrio. Se a criança não consegue lidar com o que está surgindo no mundo, ela acaba ficando à parte. Os pais devem priorizar tempo de qualidade e momentos de brincadeiras analógicas, com experiências sensoriais. Isso auxilia na socialização saudável no mundo de hoje”, conclui a doutora Camilla Paiva.

 

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