Suspeita de estelionato ao pedir doações com uso de carro de som em Goiânia teria “voltado à ativa”
A suspeita chegou a ser presa em 2018 após ser denunciada por crimes da mesma natureza, mas relatos nas redes sociais registram que ela teria retornado a praticar os mesmos delitos
Relatos recentes nas redes sociais denunciam que Bruna de Fátima Brusda, presa em 2018 após acusação de aplicar golpe ao pedir doações, supostamente teria “voltado à ativa”. Em vídeos publicados no Instagram e no TikTok, a mulher aparece enquanto supostamente solicita transferências bancárias via PIX e outras doações com um carro de som em setores residenciais de Goiânia, de acordo com perfis nas redes sociais.
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Um morador do Setor Goiânia 2 fez uma denúncia ao jornal O HOJE. Em contato com a redação, o cidadão alega que a mulher seria uma golpista. “No sábado passado (19), veio uma mulher com carro de som pedindo dinheiro para ajudar uma família, parece que a criança não conseguia comer, só podia tomar um leite especial… Ela já tinha vindo aqui uma outra vez. Depois disso, eu vi um vídeo falando dela no TikTok, parece que é golpe”, disse o morador.
Entenda o suposto golpe que teria sido aplicado pela mulher
O vídeo mencionado foi publicado pelo criador de conteúdo identificado como “Buddy”. Nas imagens, o perfil denuncia que Bruna de Fátima supostamente continua a aplicar golpes, mesmo depois de ter sido presa em 2018, acusada do crime de estelionato. A plataforma em que o vídeo foi postado tirou a publicação do ar poucas horas depois. Porém, em comentário no vídeo, o criador detalhou o suposto caso.
“Vou contar o que aconteceu… Conheci essa mulher há sete anos… A filha dela tinha uma doença rara. Ela ficava em um estacionamento perto do Parque Vaca Brava. Me comovi com o estado da filha dela, Amanda. Finquei a cara e fui para as redes sociais arrecadar dinheiro para salvar a filha que estava em estado vegetativo. Com o dinheiro, ela comprou um carro e a filha faleceu. Depois disso, ela pegou fotos de crianças com problemas e tentava arrecadar dinheiro nos semáforos. Foi presa pela polícia, depois solta. Agora ela está pedindo ajuda para uma senhora que acabou engravidando e a criança precisa de cuidados especiais. UMA BANDIDA! FIQUEM DE OLHO’’, declarou Buddy.
Em outro comentário feito no próprio vídeo, Buddy alegou: “Amanhã vou fazer um B.O. [Boletim de Ocorrência]!”. A redação do O HOJE tentou contato com o autor do comentário para averiguar se foi apresentada uma denúncia formal. Porém, até a última atualização desta matéria, não houve retorno. A reportagem também contatou a Polícia Civil, mas não foram encontradas denúncias recentes sobre a atuação da suposta autora dos crimes.
No vídeo publicado por Buddy nas redes sociais, a cinegrafista, de identidade desconhecida, exclama: “Não acredito que você está fazendo isso, Bruninha”. Em resposta, a mulher questiona: “O que que cê quer? Porque que cê tá filmando a minha cara?”. Logo após, com a voz embargada, a cinegrafista dispara: “Você está roubando dos outros, você não vai roubar mais as pessoas!”.
Possíveis testemunhas
O vídeo ficou no ar por pouco tempo, mas já foi o suficiente para o assunto repercutir em outras publicações e em diferentes páginas. Em outro comentário nas redes sociais, uma mulher compartilha: “Acho que essa mulher [Bruna] já passou pelo meu setor falando que o leite de um bebê tava acabando, que ela tinha que tomar um leite especial que dava pra apenas alguns dias”.
“Ela vem direto aqui na porta do Invent Joy no Eldorado… chocada”, diz outra internauta, em referência a um condomínio residencial em Goiânia. Além dos comentários anteriores, outra pessoa deixou comentário na mesma publicação: “Ela estava na [Avenida] Milão esses dias, mas nunca passou na minha cabeça que seria golpe dela… Mundo tá maluco mesmo”.

Histórico da suposta autora do crime
Em comentário feito na publicação que saiu do ar, Buddy se referia a um caso ocorrido em 2018. Na época, Bruna de Fátima Brusda foi condenada por usar a foto de uma bebê que já tinha falecido, criança com a qual a acusada do crime não tinha qualquer ligação, para supostamente aplicar o golpe e arrecadar doações. De acordo com os registros, o bebê se chamava Bryan Felipe e era filho de outra mulher, Jennifer Marques Freitas Goulart.
Bryan foi o segundo filho que Jennifer perdeu por problemas de saúde. Na época, a mulher explicou que, para tentar engravidar e evitar que o novo filho também tenha questões de saúde, seria necessário fazer uma fertilização artificial, um procedimento que não cabia em seu orçamento. Diante disso, a Jennifer decidiu pela campanha na internet. Com isso, as suspeitas são que Bruna teria conseguido as fotos de Bryan por meio da campanha.
A primeira pessoa da família de Jennifer que teve conhecimento da ação da suposta golpista foi o padrinho de Bryan. De acordo com relatos, o homem transitava pelo setor Jardim Nova Esperança quando viu um cartaz que a foto da criança era usada para pedir doações.
Após as denúncias, Bruna prestou depoimento no 16° Distrito Policial de Goiânia em 2018. Em sua defesa, a suspeita teria levado uma foto de outra criança para tentar convencer as autoridades policiais de que não aplicava golpes com a foto de Bryan. No entanto, na segunda foto apresentada, a imagem era de um menino que nasceu na Inglaterra com uma doença rara e que também já tinha falecido. De acordo com a Polícia Penal Bruna ficou dois anos presa por essas alegações.
Espaço continua aberto para manifestação
O jornal O HOJE tentou entrar em contato com a defesa da suspeita, que é denunciada nos vídeos por suposta prática do crime de estelionato, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação dos advogados ou da suposta autora dos crimes. Não foi informada ao O HOJE a situação do processo que envolve a prisão em 2018, quando a suspeita chegou a ser detida após a denúncia por supostamente cometer o crime há sete anos.
De acordo com o artigo 171 do Código Penal, o crime de estelionato se configura quando alguém “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. A pena prevista, em caso de condenação com trânsito em julgado, quando não cabe mais recurso da decisão judicial, é de reclusão, de um a cinco anos, e multa.