Brasil deixa o Mapa da Fome em 2025 e Centro-Oeste apresenta indicadores acima da média nacional
País alcança marca histórica com menos de 2,5% da população em subnutrição; região Centro-Oeste registra melhora expressiva na segurança alimentar
O Brasil foi oficialmente retirado do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em julho de 2025. A informação foi divulgada durante evento em Adis Abeba, na Etiópia, com base no relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI 2025)”. Segundo o relatório, o país atingiu uma taxa de subnutrição inferior a 2,5% da população no período de 2022 a 2024, critério utilizado pela FAO para determinar a saída de países do Mapa da Fome.
De acordo com o documento, em 2022 a taxa de subnutrição no Brasil era de 4,2%. Em 2023, o índice caiu para 2,8%. A média para o triênio 2022–2024 ficou em 2,4%. Ainda segundo o relatório, essa taxa representa cerca de 5,3 milhões de pessoas em situação de subnutrição no país.
Segundo a Agência Gov, em 2023, aproximadamente 14,7 milhões de brasileiros deixaram a condição de insegurança alimentar grave. A estimativa foi baseada no mesmo relatório da FAO, que apontou redução de 8% para 1,2% da população em situação grave no período de um ano.
Entre os programas implementados no período, o governo federal informou que foram retomadas iniciativas como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos, a alimentação escolar, e o apoio à agricultura familiar. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), essas ações foram executadas em articulação com estados e municípios.
O Ministério da Educação também informou, em nota divulgada em julho de 2025, que a alimentação escolar foi uma das prioridades na recomposição de políticas públicas voltadas à segurança alimentar, com foco em crianças e adolescentes da rede pública de ensino.
Região Centro-Oeste registra maior percentual de segurança alimentar
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em abril de 2024, 75,7% dos domicílios da região Centro-Oeste estavam em situação de segurança alimentar. O índice foi superior à média nacional, que ficou em 72,4%.
Ainda conforme os dados do IBGE, 3,6% dos domicílios do Centro-Oeste estavam em insegurança alimentar grave, enquanto 4,3% apresentavam insegurança alimentar moderada. A soma das duas categorias corresponde a 7,9% dos domicílios na região.
A mesma pesquisa identificou que a região Norte apresentou o maior percentual de insegurança alimentar moderada ou grave (16%), seguida pelo Nordeste (14,8%), Sudeste (6,7%) e Sul (4,7%).
Segundo nota técnica do MDS publicada em julho de 2025, a redução das taxas de insegurança alimentar foi registrada em todas as regiões brasileiras, com variações de intensidade. O documento afirma que os dados da PNAD foram utilizados para monitoramento das metas estabelecidas nos programas sociais em andamento.
Histórico recente e critérios da ONU
O Brasil havia saído do Mapa da Fome pela primeira vez em 2014. No entanto, voltou ao indicador em 2021. Segundo a FAO, no triênio 2020–2022, a taxa de subnutrição voltou a subir e atingiu 4,7%, o que correspondeu a aproximadamente 10,1 milhões de pessoas.
A partir de 2023, as taxas passaram a recuar. Em nota divulgada pelo governo federal, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, declarou em janeiro daquele ano: “2025 será o ano de tirar novamente o Brasil do Mapa da Fome”, referindo-se às projeções baseadas nas ações então em curso.
O relatório SOFI 2025 foi elaborado por cinco agências das Nações Unidas: FAO, FIDA, OMS, UNICEF e PMA. Segundo o documento, os países são incluídos no Mapa da Fome quando apresentam taxa de subnutrição igual ou superior a 2,5% da população no período de três anos consecutivos.
No Brasil, a divulgação dos dados relacionados à segurança alimentar também é feita anualmente pelo IBGE, com base em levantamentos domiciliares que consideram critérios como acesso regular a alimentos, comprometimento da qualidade da alimentação e restrição calórica.
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