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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
tarifa EUA

Tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros entra em vigor na sexta, mas governo descarta alarde

Com taxa de 50% prestes a ser aplicada, Brasil aposta em diálogo diplomático e plano de contingência para mitigar impactos

Letícia Leitepor Letícia Leite em 30 de julho de 2025
Haddad diz que relação com os EUA exige “dignidade” e não se rende ao “complexo de vira-lata” Foto: Divulgação/SIC
Haddad diz que relação com os EUA exige “dignidade” e não se rende ao “complexo de vira-lata” Foto: Divulgação/SIC

A nova tarifa de 50% que os Estados Unidos devem aplicar sobre produtos brasileiros a partir da próxima sexta-feira (1º) não tirou o sono do governo federal. Em meio às tensões comerciais e à proximidade do prazo, o Palácio do Planalto e a equipe econômica comandada por Fernando Haddad têm adotado um discurso de tranquilidade, apostando na força do diálogo histórico entre os dois países.

“Não estou muito fixado na data. Se ficarmos apreensivos com ela, nós podemos inibir que a conversa transcorra com mais liberdade e sinceridade entre os dois países. Nós vamos prosperar nas negociações”, afirmou o ministro da Fazenda nesta terça-feira (29), ao comentar a iminente entrada em vigor da tarifa.

Para Haddad, é possível que ainda nesta semana os Estados Unidos sinalizem abertura para diálogo. Segundo ele, o Brasil segue disposto a negociar, e já encaminhou duas cartas formais ao governo norte-americano. “O Brasil nunca abandonou a mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar”, reforçou o ministro.

Apesar de não haver retorno formal dos Estados Unidos até o momento, Haddad destacou que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, já conversou três vezes com o Secretário do Comércio dos EUA. As conversas, de acordo com o governo, têm buscado destravar os impasses de forma diplomática e sem submissão.

“É uma coisa que tem que ter um certo protocolo. A gente tem que entender que o Brasil é grande. Não é arrogância. É uma questão protocolar para que o país se coloque dignamente à mesa. Dialogue como parceiro centenário”, afirmou o ministro. Para ele, o Brasil não deve se comportar como “vira-lata” em negociações internacionais, e sim como um parceiro com voz ativa e legítima.

Enquanto a negociação não avança, a equipe econômica já trabalha com um plano de contingência para mitigar os efeitos da tarifa de 50%, caso ela se concretize sem acordo imediato. O pacote de medidas foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e inclui a avaliação de diferentes cenários.

Dentre as ações estudadas, está a criação de um programa de proteção ao trabalhador diretamente afetado pela nova taxação. Outra medida cogitada é a abertura de uma linha de crédito especial voltada aos empresários que sofrerem impacto econômico direto com a imposição da tarifa.

Segundo Haddad, as medidas foram recebidas com “muita tranquilidade” por Lula. O presidente também optou por não dramatizar a proximidade do prazo e reforçou a confiança nos laços diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos.

“O presidente manifestou muita tranquilidade em relação ao plano de contingência. São vários cenários apresentados. Ele [Lula] falou que não vai se fixar em data porque temos uma relação histórica com os EUA”, afirmou o ministro.

O pacote de contingência, embora ainda não oficialmente anunciado, deve funcionar como um escudo temporário, garantindo fôlego aos setores mais expostos à medida norte-americana. A ideia é demonstrar que o governo brasileiro não apenas espera por uma saída diplomática, mas também se antecipa a possíveis danos internos com respostas práticas.

Internamente, o discurso é de serenidade. Externamente, a pressão para que os Estados Unidos revejam ou ao menos flexibilizem a tarifa segue nos bastidores diplomáticos. Para o Brasil, a relação com os EUA é estratégica demais para ser reduzida a uma disputa tarifária, e o momento, segundo o governo, exige “cabeça fria” e “postura digna”.

O desfecho ainda é incerto, mas Brasília aposta na diplomacia como via principal, sem abrir mão de sua soberania econômica. O dia 1º de agosto marcará o fim do prazo, mas não necessariamente o fim das negociações.

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