Queimação não é tudo igual
Distúrbios digestivos como azia, refluxo e gastrite têm causas distintas, mas frequentemente se confundem; número de casos cresce no Brasil, exigindo atenção clínica e mudanças de hábito
A recorrente sensação de queimação no peito, muitas vezes acompanhada de gosto amargo na boca, ainda é tratada com desinformação no Brasil. Popularmente confundidos, azia, refluxo e gastrite não são sinônimos e tampouco compartilham necessariamente a mesma origem clínica. Diferenciar os sintomas é importante para prevenir complicações mais severas.
A azia, ao contrário do que muitos pensam, não é uma doença, mas um sintoma. Surge quando o ácido do estômago atinge o esôfago, geralmente após refeições volumosas ou gordurosas. Sua presença frequente pode indicar Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), condição caracterizada pelo mau funcionamento do esfíncter esofágico inferior. Estima-se que a DRGE afete 20% da população ocidental, segundo dados da Sociedade Brasileira de Gastroenterologia (2023).
A gastrite, por sua vez, é uma inflamação na mucosa gástrica e pode se manifestar de forma aguda ou crônica. A variante crônica, frequentemente associada à infecção pela bactéria Helicobacter pylori, compromete a digestão e aumenta o risco de úlceras. Um estudo publicado no World Journal of Gastroenterology indica que 60% da população mundial pode estar infectada pela bactéria.
Apesar de sintomas sobrepostos, como dor abdominal, náuseas e sensação de estômago cheio, as abordagens terapêuticas são diferentes. Automedicar-se diante de desconfortos recorrentes pode mascarar doenças e retardar o diagnóstico adequado.
Mudanças na alimentação, redução do estresse e acompanhamento médico são pilares no controle das três condições. Quando tratadas de forma precoce e precisa, o prognóstico é amplamente favorável.