Direita é ativa nas redes, mas não teve destaque no levantamento da Quaest
O instituto registrou, em sua última pesquisa, que maioria concorda que Bolsonaro continue preso
A direita, de forma geral, é conhecida por ser um campo ideológico ativo nas redes sociais, mas o último levantamento feito pela Quaest revelou uma análise para lá de curiosa sobre publicações relacionadas ao decreto de prisão domiciliar feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O instituto analisou cerca de 1,2 milhão de menções sobre Bolsonaro e o decreto de prisão domiciliar desde o anúncio da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, por volta das 18 horas. Se engana quem acha que a direita conseguiu demonstrar sua indignação nesta pesquisa, tendo em vista que 53% de 1 milhão de publicações analisadas foram menções de apoio à decisão de Moraes. O registro de postagens contrárias foi de 47%.
“A análise da Quaest revela, de forma válida, a alta repercussão digital da decisão judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. O número de menções e a comparação com outros episódios políticos recentes confirmam fortemente que o tema gerou expressiva mobilização em fóruns e redes sociais”, pontua Vittória Murari, analista de dados em comunicação e redes sociais.
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Em concordância com Vittória, o especialista em Marketing Político, comunicação e IA, Marcos Senise, destaca o seu ponto de vista relativo aos dados publicados pelo instituto. “A pesquisa revela uma polarização muito clara e intensa nas redes sociais sobre o tema. A diferença de apenas 6 pontos percentuais (53% a favor e 47% contra) mostra que não há um consenso. Em vez disso, o debate está profundamente dividido, refletindo as tensões políticas atuais no Brasil. Essa divisão quase ‘50/50’ sugere que ambos os lados têm bases de apoio significativas e ativas na internet”, explica Senise.
Apesar de o resultado ser considerado acirrado, era de se esperar que os apoiadores de Bolsonaro tivessem êxito no levantamento e superassem a opinião daqueles que desejam que o ex-presidente permaneça sob prisão domiciliar. Isso porque, conforme o que foi destacado, os bolsonaristas possuem forte presença nas redes sociais como Instagram, Facebook e no X (antigo Twitter), mesmas redes analisadas pelo instituto responsável pela divulgação dos dados em questão.
“É inegável que o público da direita tem uma vida mais ativa nas redes sociais, a esquerda sofre muito com isso ainda. Segundo a pesquisa da Quaest, a esquerda teve uma pequena vantagem ou as pessoas que se colocam à favor da prisão domiciliar. Isso não quer dizer que são pessoas de esquerda, porque tem muita gente que é a favor da prisão domiciliar, mas que não gostaria que o Lula fosse candidato, por exemplo”, explica Lehninger Mota, cientista político.
Cenário atual pode ser revertido
Como toda e qualquer pesquisa semelhante a esta realizada pela Quaest, os resultados não são garantia de conclusão de caso, ou seja, os dados podem ser revertidos em um futuro próximo. “Provavelmente, na próxima rodada de pesquisa da Quaest, pode ser que seja possível ver os dados de uma forma mais clara. O que a gente pode esperar é um cenário de divisão, ainda que não seja meio a meio, mas será bem próximo disso”, opina Mota.
Vittória não pensa diferente e reafirma que o levantamento deve ser compreendido como um indicador de tendência e não como um dado conclusivo. “É preciso entender que o recorte pode limitar picos artificiais de sentimento nas primeiras horas, que podem se estabilizar ou até inverter nos dias seguintes. É recomendável que esse dado seja compreendido como indicador de tendência inicial de conversas digitais, e não como expressão estatística da opinião pública geral”, conclui a analista de dados. (Especial para O HOJE)