O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Brasil atinge recorde mundial de cirurgias plásticas

Com mais de 2,3 milhões de procedimentos estéticos em 2024, país lidera ranking global

Luana Avelarpor Luana Avelar em 11 de agosto de 2025
16 MATERIA CREDITOS FreePik 1
Foto: FreePik

O Brasil encerrou 2024 no topo do ranking mundial de cirurgias plásticas estéticas, segundo a International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Foram 2,3 milhões de procedimentos realizados no país, ultrapassando todas as demais nações. No cenário global, o total chegou a 17,4 milhões, marcando um crescimento de 42,5% entre 2020 e 2024, um salto que consolida a força econômica do setor, mas também expõe suas fragilidades.

Entre os procedimentos mais realizados no mundo, a blefaroplastia, correção estética das pálpebras, liderou com 2.115.360 intervenções, alta de 13,4% em relação a 2023. Em seguida vieram lipoaspiração e mamoplastia de aumento. No Brasil, a lipoaspiração respondeu por 12,3% das cirurgias plásticas, seguida pela mamoplastia de aumento (9,9%), blefaroplastia (9,8%), abdominoplastia (8,2%) e aumento de glúteos (7,1%).

O levantamento da ISAPS também revela a expansão dos procedimentos não cirúrgicos. Apenas no Brasil, foram mais de 3 milhões em 2024, com destaque para a aplicação de toxina botulínica (45,7% do total, ou 351.488 casos) e preenchimento com ácido hialurônico (22,9%, ou 176.069 casos). Outros métodos, como ultrassom microfocado, laser ablativo e peelings químicos, também ampliaram seu alcance.

Se por um lado o avanço tecnológico e a ampliação do acesso sustentam esse crescimento, por outro a pressão por padrões estéticos, alimentada por redes sociais e pela cultura da imagem, molda um mercado em que a busca por autoestima se mistura à reprodução de referências de beleza massificadas.

Expansão do risco

A escalada da demanda também tem estimulado a proliferação de clínicas clandestinas. No Rio de Janeiro, dados do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (IVISA-Rio) mostram que, entre 2021 e 2023, as interdições desses estabelecimentos aumentaram 600%. Ambientes sem esterilização adequada, ausência de suporte médico e uso de substâncias não autorizadas compõem o quadro mais frequente das irregularidades, resultando em complicações graves e, em casos extremos, morte.

A recomendação de especialistas é inequívoca: verificar se o profissional é registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e desconfiar de valores muito abaixo da média de mercado. O perigo não se limita à execução da cirurgia, mas se estende à falta de acompanhamento pós-operatório e ao descumprimento de protocolos de segurança.

Controle e publicidade

A prática da cirurgia plástica no Brasil é regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que determina, na Resolução nº 1.621/2001, que apenas médicos com residência reconhecida ou título emitido pela SBCP podem atuar na especialidade. A Resolução nº 2.306/2022 estabelece critérios para apuração de infrações éticas, enquanto a Resolução nº 2.336/2023 impõe restrições à publicidade, proibindo imagens “antes e depois” e promessas explícitas de resultados. A norma exige a identificação clara do médico, linguagem de cunho científico e informações precisas sobre riscos e limitações, além do cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na preservação de prontuários e registros.

Essas regras buscam coibir estratégias de marketing agressivas e prevenir a captação indevida de pacientes, criando barreiras para práticas que transformam um ato médico em produto de consumo.

Desafio contínuo

O recorde brasileiro no setor expõe um paradoxo: o país se destaca pela excelência técnica de parte de seus profissionais e pela capacidade de inovação, mas convive com a precarização e o risco crescente trazido pela informalidade. Entre avanços e ameaças, o debate sobre ética, segurança e fiscalização se mantém como eixo central.

A tendência é que o número de procedimentos continue crescendo nos próximos anos, impulsionado por novas tecnologias e pela globalização de padrões estéticos. O desafio, entretanto, será garantir que a expansão venha acompanhada de medidas eficazes de proteção ao paciente, e não de estatísticas que somam casos de sucesso e tragédias no mesmo gráfico.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Tags:
Veja também