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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
impactos do tarifaço

Produtores goianos debatem o que fazer para reduzir impactos do tarifaço

Gerente técnico da Faeg alerta que medidas anunciadas pelo governo federal não são suficientes e cobra ação diplomática urgente para incluir setores afetados na lista de exceções

Letícia Leitepor Letícia Leite em 11 de agosto de 2025
R$ 900 milhões desse valor referem-se exclusivamente à carne bovina Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura
R$ 900 milhões desse valor referem-se exclusivamente à carne bovina Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura

O agronegócio goiano vive um momento de tensão diante do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos (EUA) a diversos produtos brasileiros. A decisão do governo norte-americano ameaça reduzir drasticamente as exportações do Estado, que mantém no mercado americano um de seus principais destinos comerciais. 

De acordo com Edson Alves Novaes, gerente técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o impacto pode chegar a R$ 1,4 bilhão apenas no segundo semestre de 2025, sendo que R$ 900 milhões desse valor referem-se exclusivamente à carne bovina.

O prejuízo não se restringe às cifras. Para Novaes, a perda de relacionamento com um parceiro estratégico como os EUA representa um risco ainda maior. “O outro aspecto é a perda de relacionamento comercial com um mercado importante que é os EUA. Afinal, é um player importante para qualquer país”, afirma. Ele alerta que, sem uma reação rápida e coordenada, Goiás e o Brasil podem perder espaço conquistado ao longo de anos de negociações.

Segundo o especialista, os produtores goianos têm debatido três frentes principais para mitigar os danos. A primeira, considerada prioritária, é pressionar para que o governo federal negocie diretamente com os Estados Unidos e insira os setores mais prejudicados na chamada lista de exceções, mecanismo que pode aliviar ou suspender temporariamente as tarifas.

A segunda estratégia é acelerar a abertura e o embarque de produtos para novos mercados internacionais, algo que já está em andamento com o apoio do governo de Goiás. Contudo, Novaes aponta falta de agilidade por parte da União. “A outra é de agilizar o embarque para outros mercados, ação que está sendo trabalhada pelo governo de Goiás, mas falta agilidade por parte do governo federal”, destaca.

A terceira medida é a concessão de benefícios fiscais emergenciais, tanto no âmbito estadual quanto federal, para dar fôlego às empresas até que a situação seja resolvida. “É importante também que, no curto prazo, tanto o governo estadual quanto federal possam garantir benefícios fiscais para os setores afetados”, reforça.

Apesar de o governo federal já ter anunciado um pacote de medidas para reduzir o impacto do tarifaço para esta semana, que inclui a ampliação de linhas de crédito, estímulo à diversificação de mercados e ações promocionais de exportação, a avaliação da Faeg é que tais iniciativas são insuficientes. “Falta uma ação direta da diplomacia brasileira para sentar na mesa de negociação e negociar setor por setor, pois cada um tem aspectos diferentes um do outro”, critica Novaes.

Dentro desse pacote, o governo federal estuda a criação de uma linha de financiamento de R$ 10 bilhões via BNDES para a renegociação de dívidas de produtores rurais, com foco inicial em pecuaristas, cafeicultores e fruticultores afetados pelas novas tarifas. 

A proposta prevê a liberação de R$ 5 bilhões ainda em 2025 e o restante em 2026, podendo atender também outros segmentos prejudicados. Outra ação em análise é a implementação de um programa de compras governamentais envolvendo estados e municípios para adquirir produtos perecíveis, como frutas, pescados e mel, que antes eram destinados ao mercado norte-americano.

O posicionamento do representante da Faeg ecoa o sentimento de parte significativa do setor produtivo goiano, que vê no diálogo diplomático a única forma de evitar perdas irreversíveis. Para ele, o Brasil não pode se contentar apenas com ações paliativas. 

Enquanto isso, os produtores locais se mobilizam para minimizar os efeitos da medida. Exportadores de carne, milho, soja e outros produtos já avaliam ajustes logísticos e comerciais para redirecionar parte da produção a mercados alternativos, como países asiáticos e árabes. 

No entanto, a diversificação não é um processo simples. Exige tempo, certificações específicas e, sobretudo, competitividade de preços para conquistar espaço em praças já disputadas por outros fornecedores globais.

O cenário exige decisões rápidas. Caso não haja avanço nas negociações até o final do ano, o impacto pode extrapolar as projeções iniciais, comprometendo não apenas a balança comercial do Estado, mas também a renda de milhares de produtores e trabalhadores da cadeia do agronegócio.

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