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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Campo goiano

Tarifaço e inadimplência desafiam produtores goianos

Entidades e governo estadual articula medidas para manter competitividade e produtividade do agronegócio em Goiás

Letícia Leitepor Letícia Leite em 22 de agosto de 2025
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Faeg e Seapa detalham estratégias para minimizar impactos e apoiar produtores rurais. Foto: Divulgação/Seapa

O agronegócio goiano, reconhecido como um dos pilares da economia do Estado, enfrenta desafios crescentes diante do cenário de tarifas internacionais elevadas e aumento da inadimplência entre produtores rurais. 

De acordo com Edson Alves Novaes, gerente técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o chamado “tarifaço” afetou diretamente setores estratégicos do Estado, como a carne bovina e o açúcar de cana, além de outros produtos como milho, frutas, café, peixes e hortifrúti.

“O segmento de carne bovina sozinho representou 61,8% de todas as exportações de Goiás para os Estados Unidos. O de açúcar de cana exportou US$ 32,3 milhões, representando 9,6% do total de exportações para o país norte-americano”, explica Novaes, ressaltando que as medidas anunciadas pelo governo federal foram necessárias, mas ainda insuficientes para solucionar o problema. “Esperamos que a diplomacia brasileira possa negociar para que estes produtos entrem na lista de isenção, como foi feito com suco de laranja e outros produtos do agro”, completa.

Além das barreiras tarifárias, o gerente da Faeg aponta que a inadimplência rural tem crescido significativamente, reflexo de fatores como perdas provocadas por secas e chuvas excessivas nas últimas safras, queda nos preços das commodities e aumento dos custos de produção. Ele destaca que em Goiás, a combinação desses fatores reduziu a rentabilidade e a renda dos produtores, dificultando o cumprimento de compromissos financeiros. “Nossa preocupação é que essa inadimplência poderá afetar o acesso a crédito futuro”, alerta Novaes.

Para mitigar os efeitos da crise, a Faeg tem atuado de forma intensa junto aos produtores por meio dos sindicatos rurais, facilitando negociações e prorrogações de dívidas com agentes financeiros. Edson relata que a Faeg colocou os produtores em contato com instituições financeiras, apresentando sua capacidade de pagamento e buscando condições de juros e prazos adequados, permitindo que continuem produzindo sem comprometer o fluxo de caixa.

Além disso, a Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás orienta sobre racionalização de custos, aumento da produtividade e planejamento estratégico de investimentos. O Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag) complementa com informações de mercado, preços e custos, auxiliando nas decisões sobre o plantio e comercialização.

Em complemento, Glaucilene Carvalho, Subsecretária de Agricultura Familiar, Produção Rural e Inclusão Produtiva da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), avalia que a safra 2024/25 manterá Goiás entre os maiores produtores de grãos do país, com destaque para soja, milho, sorgo, feijão e girassol. “A expectativa é de que essas culturas sustentem o crescimento da produção, dependendo também das condições climáticas e da capacidade de investimento dos produtores”, explica.

Sobre o impacto do “tarifaço” e do aumento de custos, Carvalho afirma que não há registro de aumento significativo da inadimplência, mas observa potencial crescimento do endividamento e aumento dos riscos financeiros. “Esses fatores podem reduzir a margem de investimento em insumos e tecnologia, afetando diretamente a produtividade”, alerta.

Para enfrentar essas questões, a Seapa tem reforçado a orientação técnica e articulado políticas públicas e programas de apoio, como o recente Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (Fidc), voltado a segmentos do agro atingidos pelo “tarifaço”. A Subsecretária também destaca que Goiás mantém um ambiente favorável ao agronegócio e adota medidas estruturais para fortalecer o setor, preservar a confiança do mercado e estimular novos investimentos.

Novaes reforça que produtores inadimplentes devem buscar renegociação com agentes financeiros e planejar detalhadamente a próxima safra, avaliando custos, preços de mercado e área disponível para plantio. “É fundamental ter uma boa assessoria técnica tanto no momento do plantio como na comercialização dos seus produtos, sempre procurando racionalizar custos, sem perder produtividade, e conseguir potencializar os preços dos seus produtos nos melhores momentos da comercialização dos mesmos”, conclui.

Apesar dos desafios, Faeg e Seapa destacam que o agronegócio goiano segue resiliente, contando com recordes de produção no País e estratégias estruturadas para enfrentar adversidades. A combinação de planejamento financeiro, assistência técnica e políticas públicas é vista como essencial para garantir sustentabilidade econômica e competitividade do setor nas próximas safras.

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