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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Investigação

Base não quer se comprometer com defesa do governo na CPMI do INSS

Com cenário eleitoral cada vez mais perto, apoiadores do governo evitam se envolver em escândalos, mesmo se reputação de Lula estiver em jogo

Marina Moreirapor Marina Moreira em 27 de agosto de 2025
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Créditos: Edilson Rodrigues/Agência Senado e Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O governo Lula (PT) deve enfrentar um dos maiores desafios de sua atual gestão. A formação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar fraudes em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), estimadas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) em R$ 6,3 bilhões, promete escandalizar o governo liderado pelo petista. 

Relator da comissão, o deputado federal Alfredo Gaspar (UB-AL) defende promover a concentração da apuração do caso em fatos e possíveis fraudes que ocorreram a partir do ano de 2015. De acordo com Gaspar, as convocações serão concentradas em autoridades que ocuparam os cargos nos governos de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

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É de se perguntar o porquê de a investigação não ter tido início antes, já que há a suspeita do envolvimento de ministros do INSS que atuaram nos últimos quatro mandatos presidenciais. Isso resultou em dez anos de práticas ilícitas na prestação de serviços aos aposentados e pensionistas, nas quais a investigação e a escandalização do caso se debruçam neste momento. 

Destaca-se que a presidência da CPMI do INSS foi arduamente disputada, o que resultou em reações de revolta por parte do parlamentar que sofreu a derrota. Trata-se do senador Omar Aziz (PSD-AM), que pretende disputar o Governo do Amazonas e que tinha a esperança de conciliar esse objetivo com o ganho de popularidade por meio de sua atuação como presidente da comissão. 

Faltou articulação

A derrota de Aziz representa a fragilidade do governo Lula, pois o senador foi indicado ao cargo pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e, ainda, teve aprovação do Palácio do Planalto, sendo esses bons motivos para alimentar a esperança de Omar Aziz quanto à ocupação da presidência da comissão. 

Mesmo assim, todo esse esforço não foi suficiente para o senador assumir os postos de comando do colegiado. “O time entrou com salto alto, subestimou o adversário. E o adversário teve capacidade de se articular, exerceu maioria e elegeu presidente. Não procurem terceiros para responsabilizar. A culpa foi minha”, admitiu o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso. 

Alinhada com membros do Centrão, a oposição elegeu o senador Carlos Viana (Podemos-MG) para presidir a CPMI e ainda conseguiu emplacar o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) na função de relator, para a qual o governo Lula tinha escolhido o aliado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), outro derrotado no episódio. 

O que pode explicar a derrota da gestão Lula na formação da CPMI é a falta de atuação dos próprios membros da base governista, que não souberam lidar com situações semelhantes à atual, o que pode prejudicar a imagem do governo e, principalmente, afetar o contexto eleitoral do próximo ano para Lula. 

Esperança na derrota

Além disso, a investigação pode abrir brechas para a oposição aproveitar a conjuntura política para abalar a popularidade de Lula num momento em que o presidente tem se recuperado. É o caso do deputado federal Gustavo Gayer (PL), que diz acreditar que a instalação da CPI do INSS pode ser um fator capaz de destruir o atual governo. 

“A surra foi tão grande que os próprios deputados de esquerda e senadores do Lula estão querendo pular fora da CPMI. Por que quebras de sigilo seriam um risco para o Planalto? Um risco tão grande que os próprios deputados do PT, do PSD, gente da base, que ama o Lula, que faz o L, estão querendo pular fora da CPMI… Essa comissão vai acabar com o governo! Eles podem fazer o que quiserem, essa CPMI vai destruir o governo Lula”, expressa o bolsonarista. 

Já o relator da comissão, deputado federal Alfredo Gaspar, afirma que não haverá perseguição nem proteção a determinados grupos. “Será uma investigação técnica, transparente e do lado certo: o do povo brasileiro… O que está em jogo não é direita ou esquerda. O que está em jogo é a justiça, dignidade e respeito a quem trabalhou a vida inteira”, ressalta o membro do União Brasil. (Especial para O HOJE)

 

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