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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Economia

Deflação em Goiânia reflete queda de combustíveis e energia elétrica

IPCA-15 de agosto registra retração de 0,35% na Capital, a maior em mais de dois anos e a segunda mais intensa entre as 11 regiões pesquisadas

Letícia Leitepor Letícia Leite em 27 de agosto de 2025
vista da mulher com carro no posto de gasolina 1
Além da importância imediata para o bolso da população, os dados também revelam tendências relevantes para a economia local. Foto: Freepik

Goiânia registrou em agosto a maior queda de preços em mais de dois anos, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) nesta terça-feira (26). A prévia da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), apresentou deflação de 0,35%, a segunda consecutiva e a mais intensa desde julho de 2023 (-0,52%). 

O resultado colocou a capital goiana como a segunda maior deflação entre as 11 regiões pesquisadas, atrás apenas de Belém (-0,61%). O recuo foi impulsionado principalmente pelos grupos de Transportes (-1,47%) e Habitação (-2,28%). No primeiro, a redução nos combustíveis de veículos (-3,81%) teve forte peso, levando o acumulado em 12 meses para terreno negativo (-1,18%), algo que não ocorria desde maio de 2024. 

Já no setor de Habitação, a queda de 8,85% na energia elétrica residencial — a primeira após seis meses de aumentos consecutivos — foi determinante para o resultado. Outros itens também contribuíram para aliviar o índice, como batata-inglesa (-17,5%), carnes (-0,37%) e arroz (-1,59%). 

Entretanto, algumas pressões ainda foram sentidas no orçamento das famílias. A alimentação fora do domicílio subiu 0,90% em agosto e acumula alta de 9,42% em 12 meses. Já as despesas pessoais tiveram impacto positivo de 1,34%, puxadas pela alta expressiva dos jogos de azar (11,45%). 

No acumulado de 12 meses, Goiânia registrou inflação de 4,58%, resultado inferior ao índice nacional, de 4,95%. No ano, a Capital soma 2,42% de alta nos preços, também abaixo da média do País (3,26%). 

Além da importância imediata para o bolso da população, os dados do IPCA-15 também revelam tendências relevantes para a economia local. A sequência de dois meses de deflação, aliada à desaceleração da taxa acumulada em 12 meses, sinaliza que Goiânia tem experimentado uma perda de fôlego nos reajustes de preços, o que pode favorecer maior previsibilidade para famílias e empresas. 

Ao mesmo tempo, a queda da energia elétrica residencial tem efeito multiplicador: reduz não apenas as contas das famílias, mas também o custo de produção e operação de diversos setores, contribuindo indiretamente para segurar a inflação em outros grupos de consumo.

No entanto, o cenário está longe de ser uniforme. Enquanto alguns itens básicos da alimentação registraram recuo, outros serviços ligados ao dia a dia dos consumidores, como alimentação fora de casa, seguem pressionando o orçamento. 

Essa divergência evidencia que a deflação recente tem sido puxada sobretudo por itens administrados e voláteis, em vez de uma desaceleração generalizada dos preços. Assim, o alívio pode ser sentido de forma desigual: famílias que dependem mais do transporte individual e que tiveram redução significativa na conta de luz percebem um impacto maior, ao passo que aquelas que consomem mais serviços enfrentam alta contínua.

Regionalmente, o desempenho de Goiânia também chama atenção. Como dito acima, apenas Belém registrou recuo mais intenso no IPCA-15 de agosto. Em contraste, São Paulo foi a única região a apresentar inflação positiva (0,13%), pressionada pelo aumento em cursos regulares (1,14%) e itens de higiene pessoal (1,33%). Esse retrato mostra que o comportamento dos preços tem forte componente regional, influenciado pelas dinâmicas locais de mercado e pela estrutura de consumo das famílias.

Por fim, ao analisar o comportamento mais amplo da inflação, é possível observar que tanto Goiânia quanto o Brasil como um todo vêm apresentando trajetória de desaceleração. O índice nacional caiu 0,14% em agosto, a primeira deflação desde julho de 2023, e registrou a menor taxa em 12 meses desde setembro de 2022. Ainda assim, a inflação acumulada segue próxima de 5% no País, acima do centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 

Isso significa que, embora a queda de preços traga um respiro imediato, o desafio de manter a inflação sob controle em patamares mais baixos permanece para os próximos meses, especialmente diante de fatores como a volatilidade internacional do petróleo, possíveis choques climáticos que afetam a produção de alimentos e os reajustes sazonais em serviços essenciais.

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