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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
População

Crescimento populacional em Goiás impulsiona economia, mas exige maior investimento em serviços públicos

Estado teve a quarta maior taxa de crescimento do país entre 2024 e 2025

Letícia Leitepor Letícia Leite em 29 de agosto de 2025
4 abre Claudio Vieira PMSJC
Especialista aponta que avanço traz mão de obra para o mercado, mas pressiona áreas como saúde, saneamento, segurança e mobilidade. Foto: Claudio Vieira/PMSJC

O crescimento populacional em Goiás voltou a ganhar destaque no cenário nacional. De acordo com as Estimativas da População 2025, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado registrou aumento de 1% em relação ao ano anterior, chegando a 7,42 milhões de habitantes. Com esse resultado, Goiás aparece como o quarto Estado que mais cresceu proporcionalmente no País, atrás apenas de Roraima (3,07%), Santa Catarina (1,60%) e Mato Grosso (1,49%).

Na avaliação da economista Greice Guerra, o avanço tem um caráter duplo: traz benefícios econômicos, mas também exige respostas rápidas do poder público. “Ao mesmo tempo que é bom, levanta vários desafios. Porque quando você tem um crescimento muito rápido da população, o governo tem que estar preparado. O preparo seria reforçar o saneamento, a educação, a segurança e a saúde pública”, destacou.

Entre os pontos positivos, a economista lembra que o aumento da população amplia a força de trabalho disponível. “Significa mais mão de obra onde as empresas podem captar. Essa região do Entorno de Goiás, a médio e longo prazo, vai ter mais pessoas para operar no mercado de trabalho”, explicou. Segundo ela, a expansão demográfica fortalece a atratividade do Estado para investimentos nacionais e internacionais.

O cenário goiano acompanha uma tendência observada em países desenvolvidos. Guerra cita o exemplo de nações europeias que enfrentam envelhecimento populacional e perda de moradores, como a Itália, que chega a oferecer benefícios para atrair novos residentes. “É muito ruim ver um país com baixo índice de população. Nenhuma empresa vai querer investir lá”, ressaltou. Ela acrescenta que o crescimento, como o de Goiás, significa dinamismo: mais consumo, mais produção, mais arrecadação.

Por outro lado, o avanço exige medidas urgentes para evitar sobrecarga dos serviços públicos. A especialista explica que mesmo sendo positivo, o aumento populacional demanda mais investimentos do governo, porque significa maior pressão sobre saneamento, infraestrutura, segurança, saúde, mobilidade e transporte.

Na prática, municípios goianos já sentem essa pressão. Senador Canedo, por exemplo, foi a cidade que mais cresceu proporcionalmente em Goiás (3,06%) entre 2024 e 2025, seguida de Valparaíso (2,30%). Essas localidades, que integram a Região Metropolitana de Goiânia e o Entorno do Distrito Federal, concentram boa parte da expansão e enfrentam desafios de urbanização, transporte coletivo e serviços de saúde.

Na Capital, Goiânia soma 1,5 milhão de habitantes e registrou taxa de crescimento de 0,58% no último ano, mais que o dobro da média das capitais brasileiras (0,26%). Já Aparecida de Goiânia, com 556 mil moradores, é a única cidade goiana fora das capitais a figurar entre os 20 maiores municípios do Brasil.

Para Greice, os números revelam que a economia goiana pode se beneficiar do aumento populacional, mas o governo precisa agir em paralelo. “Isso atrai os investimentos tanto nacionais quanto internacionais, porque você vê que você vai ter aquela mão de obra disponível, ainda que ela não seja especializada, mas ela pode ser aproveitada em outros cargos que não exijam especialização, como cargos de produção onde a pessoa tem que operar manualmente”, avaliou.

Mas, adianta que, para garantir qualidade de vida e sustentabilidade desse crescimento, é essencial que os governos estadual e federal redobrem a atenção na oferta de serviços públicos.

Na visão da economista, a expansão populacional deve ser tratada como oportunidade estratégica para o desenvolvimento regional. Segundo ela, o Brasil precisa de mão de obra. O aumento da população é uma motivação para o crescimento da economia, porque significa mais empregos, renda, arrecadação e consumo. Mas, ao mesmo tempo, exige um poder público comprometido, que invista em estradas, saneamento, saúde e segurança. Se houver esse equilíbrio, Goiás pode transformar o crescimento demográfico em vantagem competitiva.

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