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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Trabalho e Carreira

Quando o problema não é burnout: o avanço do boreout no trabalho

Tédio crônico e falta de propósito afetam engajamento e saúde mental de profissionais no Brasil e no mundo

Luana Avelarpor Luana Avelar em 6 de setembro de 2025
mulher com vista frontal da sindrome impostor
Foto: FreePik

No Brasil, três em cada dez profissionais convivem com o burnout, síndrome caracterizada por esgotamento físico e mental, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT). Mas há um distúrbio menos evidente que também compromete a vida profissional: o boreout, quadro de tédio crônico e perda de motivação quando faltam estímulos e sentido no cotidiano laboral.

O fenômeno ganhou destaque em pesquisas internacionais. Um estudo da OnePoll, empresa de opinião pública, aponta que quase metade dos trabalhadores americanos se sente entediada três vezes por semana. No Brasil, o tema ainda recebe pouca atenção, embora especialistas alertem que a estagnação e a apatia podem ser tão corrosivas para o desempenho quanto a sobrecarga.

Entre os sinais estão a sensação de imobilidade após anos na mesma função, a ausência de perspectivas de crescimento em equipes com pouca movimentação de lideranças, a permanência na zona de conforto e a falta de diálogo sobre expectativas com gestores. Diferentemente do burnout, em que a exaustão se torna física, o boreout avança de forma silenciosa, minando o engajamento e a autoestima.

Profissionais de saúde ocupacional defendem que a saída não está apenas em trocar de emprego. Ressignificar a rotina pode ser um caminho: propor projetos, assumir responsabilidades em áreas distintas, buscar mentoria fora da própria equipe e compartilhar planos de carreira com superiores. Não se trata de ampliar carga de trabalho, mas de recuperar curiosidade e perspectiva.

O avanço do boreout expõe um impasse central no mercado de trabalho contemporâneo. De um lado, empresas ainda medem desempenho por métricas de produtividade; de outro, funcionários buscam experiências que ofereçam propósito e reconhecimento. O descompasso alimenta tanto a sobrecarga que leva ao burnout quanto o vazio que caracteriza o boreout. A saúde mental, nesse contexto, não pode ser vista como responsabilidade individual, mas como resultado direto da forma como o trabalho é estruturado.

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