Sepse já supera infarto e câncer em mortes hospitalares no Brasil
Doença ainda é pouco reconhecida pela população e exige diagnóstico imediato para evitar óbitos
A sepse, conhecida como infecção generalizada, é hoje uma das principais causas de morte hospitalar no Brasil. O Instituto Latino Americano da Sepse (Ilas) estima 400 mil casos anuais em adultos e 42 mil em crianças. A mortalidade é de 60% entre adultos, cerca de 240 mil mortes, e 19% entre crianças, aproximadamente 8 mil óbitos. O impacto já supera doenças como infarto e câncer.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula 11 milhões de mortes anuais por sepse em todo o mundo, o que equivale a uma a cada 2,8 segundos. Para ampliar a visibilidade do problema, a Aliança Global para Sepse criou em 2012 o Dia Mundial da Sepse, lembrado neste sábado (13). A data busca reforçar a prevenção, estimular o diagnóstico precoce e priorizar o tratamento.
“Por isso, o objetivo central da campanha é aumentar a percepção da sepse tanto entre profissionais de saúde como entre o público leigo”, afirma a infectologista Ana Beatrix Caixeta.
A médica destaca que a evolução para casos graves ocorre por falhas simples. “Alguns fatores levam ao agravamento do quadro, como não reconhecer que determinado sinal ou sintoma já possa ser um indício de presença de sepse em um paciente com infecção. Um segundo fator é a demora no atendimento. Esse atraso no diagnóstico e nas medidas específicas para o tratamento da sepse vão impactar os riscos e aumentar o número de mortes.”
O risco é maior para prematuros, crianças menores de um ano, idosos acima de 65, pacientes com câncer, pessoas com AIDS, usuários de quimioterapia ou imunossupressores e portadores de doenças crônicas como insuficiência cardíaca, renal ou diabetes. Usuários de álcool e drogas e pacientes internados que utilizam cateteres, sondas ou antibióticos também integram o grupo vulnerável.
Qualquer infecção pode evoluir para sepse. “As mais comuns são por conta de quadro respiratório, como pneumonia, e infecções urinárias”, diz Caixeta.
O preparo das equipes de saúde é decisivo. “Todo serviço de saúde, seja ele privado ou público, bem como os profissionais que atendem nesses locais, profissionais de saúde, não necessariamente só o médico, pelo contrário, toda a equipe, técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas, devem estar preparados para lidar com a Sepse. Para isso existem protocolos com recomendações baseadas em evidências científicas, bem como a campanha anual do dia 13 de setembro”.
Reconhecer a doença a tempo continua sendo o maior desafio. Febre, aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração, fraqueza intensa, tontura, queda de pressão, sonolência ou confusão mental, sobretudo em idosos, exigem procura imediata por emergência médica.
“As primeiras horas de tratamento são as mais importantes. Os pacientes devem receber antibioticoterapia adequada o mais rápido possível. Culturas de sangue, bem como outras culturas de locais sob suspeita de infecção, devem ser colhidos em uma tentativa de detectar o agente causador da doença. A sepse é uma emergência médica e seu tratamento deve ser priorizado”, afirma a infectologista.