Brasil enfrenta nova onda de chikungunya em meio a alerta sobre vacina
País já registrou mais de 121 mil casos e 113 mortes em 2025; transmissão segue em expansão e prevenção depende do combate ao mosquito
Mais de uma década depois de identificados os primeiros casos no Brasil, a chikungunya continua impondo desafios à saúde pública. A doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti já provocou 121.803 infecções e 113 mortes no país apenas em 2025, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Apesar de avanços no diagnóstico e no tratamento, a circulação do vírus segue intensa, com registros em todas as regiões.
O Nordeste foi a porta de entrada da doença no país e ainda concentra grande parte dos casos. Mas, nos últimos anos, estados como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também se tornaram focos importantes, refletindo a disseminação nacional do vírus. Nos dez anos desde a chegada da chikungunya, o Brasil já enfrentou sete grandes ondas epidêmicas.
A situação brasileira se insere em um quadro mais amplo de preocupação nas Américas. Até agosto deste ano, foram contabilizados mais de 212 mil casos suspeitos e 110 mortes em 14 países, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde. A entidade alerta que a circulação simultânea de arboviroses como dengue, zika e chikungunya amplia o risco de complicações e pressiona os sistemas de saúde, especialmente entre populações vulneráveis.
Enquanto isso, a expectativa de uma solução definitiva com a chegada da vacina ganhou contornos de incerteza. O imunizante, desenvolvido em parceria com instituições brasileiras e já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, utiliza uma versão atenuada do vírus. Sua aplicação foi liberada para maiores de 18 anos. No entanto, a suspensão da licença nos Estados Unidos, após relatos de efeitos adversos graves, reacendeu o debate sobre segurança e eficácia.
Sem previsão clara sobre o futuro do imunizante, a principal estratégia segue sendo a prevenção clássica: eliminar criadouros do mosquito transmissor. Água parada em recipientes domésticos continua sendo o ambiente ideal para proliferação do Aedes aegypti, que também é responsável pela transmissão da dengue e da zika.
A chikungunya provoca febre alta, dores intensas nas articulações e pode evoluir para quadros crônicos que duram anos. A doença permanece como um lembrete de que a combinação de clima tropical, falhas no saneamento e capacidade limitada de resposta do sistema de saúde ainda abre espaço para epidemias recorrentes.