Pílulas contra obesidade mostram eficácia próxima a injeções e podem transformar tratamento
Estudos com orforgliprona da Eli Lilly e semaglutida oral da Novo Nordisk indicam perdas de até 20% do peso corporal, com resultados apresentados em congresso europeu
Os medicamentos injetáveis conhecidos como agonistas do GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, revolucionaram o tratamento da obesidade ao oferecer resultados de perda de peso semelhantes aos da cirurgia bariátrica. Agora, dois estudos recentes sugerem que versões orais desses fármacos podem alcançar efeitos próximos, abrindo caminho para um tratamento mais acessível e prático.
A orforgliprona, comprimido experimental desenvolvido pela Eli Lilly — fabricante do Mounjaro —, reduziu em média até 11,2% do peso corporal em pacientes obesos após 72 semanas de uso. Entre os que receberam doses mais altas, 54,6% perderam pelo menos 10% do peso, 36% perderam 15% ou mais e 18,4% atingiram 20% ou mais. O estudo envolveu 3.127 participantes de nove países, incluindo Brasil, e foi publicado no New England Journal of Medicine e apresentado na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes, em Viena.
Outro trabalho avaliou a eficácia da semaglutida oral 25 mg, versão em comprimido do princípio ativo de Ozempic e Wegovy, fabricada pela Novo Nordisk. Após 64 semanas, pacientes tratados tiveram uma perda média de 16,6% do peso corporal, contra 2,7% no grupo placebo. Mais de um terço dos voluntários (34,4%) perdeu ao menos 20% do peso, resultado comparável aos obtidos em estudos com a formulação injetável.
Além da redução de peso, os dois estudos apontaram melhoras em indicadores de saúde: queda da pressão arterial, redução da circunferência da cintura, diminuição do colesterol LDL e ganhos na capacidade de realizar atividades diárias. Os efeitos adversos mais comuns foram gastrointestinais, descritos como leves a moderados.
As duas farmacêuticas já avançam em processos regulatórios. A Eli Lilly planeja submeter o novo medicamento para aprovação ainda este ano, enquanto a Novo Nordisk informou que já apresentou à FDA, agência de saúde dos Estados Unidos, o pedido para comercialização da versão oral do Wegovy.