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quinta-feira, 25 de dezembro de 2025
Ciência e Saúde

USP propõe guia clínico para diagnóstico e tratamento da neurocisticercose

Doença causada pela Taenia solium é principal responsável por epilepsia adquirida em países de baixa e média renda; artigo sugere protocolos personalizados para pacientes

Luana Avelarpor Luana Avelar em 20 de setembro de 2025
linda mulher afro americana de pele escura toca as temporas tem uma dor de cabeca insuportavel e sofre de enxaqueca vestida com uma jaqueta de veludo da moda
Foto: FreePik

A neurocisticercose, infecção provocada pela larva da Taenia solium, permanece como a principal causa de epilepsia adquirida em regiões da América Latina, Ásia e África. Apesar dos avanços na medicina, ainda não há consenso sobre os métodos mais eficazes de diagnóstico e tratamento. Para enfrentar essa lacuna, pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP publicaram um artigo de revisão que sugere protocolos clínicos baseados em evidências e aponta caminhos para a personalização da terapia.

A doença ocorre após a ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos do parasita. Em áreas endêmicas, a precariedade do saneamento básico e o consumo de carne de porco mal cozida são fatores centrais para a transmissão. Uma vez ingeridos, os embriões podem se disseminar pelo organismo e atingir o sistema nervoso central, onde se desenvolvem em cisticercos. Os sintomas incluem dores de cabeça, convulsões, confusão mental e, em casos graves, meningite ou hidrocefalia.

O diagnóstico depende de exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, embora os exames sorológicos ainda sejam amplamente usados. O estudo alerta, porém, para limitações desses testes, que têm boa sensibilidade em casos de múltiplas lesões, mas falham em identificar cistos únicos ou calcificados. Pesquisas em andamento testam o uso de antígenos recombinantes e proteínas sintéticas, mas esses recursos ainda não estão disponíveis na prática clínica da maioria dos centros.

O tratamento combina antiparasitários, anti-inflamatórios — especialmente corticosteroides — e medicamentos anticonvulsivantes. Em situações específicas, como casos graves ou lesões inacessíveis ao tratamento farmacológico, a cirurgia é considerada. O artigo destaca a necessidade de atenção especial a grupos vulneráveis: em crianças, a doença tende a ser mais branda, mas múltiplas lesões aumentam o risco de epilepsia recorrente; em gestantes, alterações imunológicas podem modificar a evolução da infecção, exigindo equilíbrio entre risco materno e fetal.

Os autores defendem ainda mudanças estruturais para o controle da neurocisticercose, incluindo investimentos em ensaios clínicos robustos e políticas públicas que reduzam a proliferação do parasita. Entre as medidas sugeridas estão a vacinação de suínos, o uso de vermífugos na criação, além da ampliação do saneamento básico e do acesso à água potável.

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