Mercado imobiliário cresce, mas mitos ainda confundem investidores
Especialista aponta mitos e verdades sobre financiamento, valorização e aluguel em um setor que segue como um dos mais seguros do país
O mercado imobiliário brasileiro consolidou-se como um dos ramos mais tradicionais e seguros de investimento no país. A expansão dos últimos anos, no entanto, veio acompanhada de crenças populares que nem sempre correspondem à realidade. Questões ligadas ao financiamento, valorização e comparação com outras modalidades de aplicação financeira ainda geram dúvidas para quem pensa em comprar ou investir.
Para o especialista Thiago Cardoso, é preciso separar mito de verdade antes de tomar qualquer decisão. Um dos pontos mais citados é o valor da entrada no financiamento. “É preciso dar 30% de entrada para financiar um imóvel?”, provoca. A resposta, segundo ele, é parcialmente verdadeira. Embora esse percentual seja comum, não é regra fixa: a entrada costuma variar de 25% a 35%, dependendo da renda, idade e valor do imóvel. Há ainda a exigência de que a soma da idade do comprador com o prazo do financiamento não ultrapasse 75 a 80 anos.
Outro ponto recorrente diz respeito à valorização. “O imóvel sempre valoriza com o tempo” é um enunciado considerado verdadeiro. O setor opera em ciclos de cinco a 15 anos, com variações de acordo com região e tipo de bem. Mesmo que aplicações financeiras possam ter retorno mais alto no curto prazo, o imóvel mantém a posição de ativo sólido pela segurança patrimonial.
No entanto, nem todas as máximas se confirmam. A frase “alugar é jogar dinheiro fora”, por exemplo, é classificada como verdade por Cardoso. Ele argumenta que o aluguel só se justifica em períodos transitórios ou por estratégias específicas, já que o pagamento não gera patrimônio. Já a ideia de que imóveis pequenos não são bons investimentos é considerada mito: em grandes centros urbanos, apartamentos compactos têm liquidez elevada, com procura de jovens e investidores.
Outro equívoco está no imóvel comprado na planta. A percepção de que sempre custa menos é relativa. O especialista aponta que, embora ofereça facilidades de pagamento e chance de valorização, a compra deve considerar localização e demanda. Em certas situações, imóveis usados podem gerar lucros superiores após reforma e revenda.
A comparação entre imóvel e mercado financeiro também exige cautela. “Comprar imóvel é sempre melhor do que investir no mercado financeiro” é um mito, diz Cardoso. “Não existe investimento melhor ou pior, mas o mais adequado ao perfil de cada pessoa. O ideal é diversificar, equilibrando os dois”, afirma.
No fim, a compra de um imóvel segue como alternativa segura para quem busca estabilidade patrimonial. Mas a decisão não pode ser automática: depende do perfil do investidor, de seus objetivos e de análise criteriosa. Informação, nesse caso, é o que transforma um bem de tijolo e concreto em ativo vantajoso.