O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
SAÚDE

Imas deve ser privatizado em 2026, anuncia prefeito Sandro Mabel

Plano de saúde dos servidores de Goiânia passará por licitação para terceirização de serviços operacionais

Caroline Gonçalvespor Caroline Gonçalves em 27 de setembro de 2025
11 abre 1 Reproducao
A presidente do instituto Gardene Moreira revelou que a dívida acumulada está estimada em mais de R$ 145 milhões Foto: Reprodução

O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas), que atende os funcionários da prefeitura de Goiânia com plano de saúde, passará por uma transformação completa em sua estrutura de funcionamento. O prefeito Sandro Mabel (União Brasil) anunciou em entrevista à TV Anhanguera que o modelo atual será substituído por uma gestão terceirizada na parte operacional a partir do início de 2026, por meio de uma licitação pública.

Antes mesmo da licitação, o Imas já começou a passar por mudanças. O prefeito exonerou o então presidente, o ex-vereador Paulo Henrique da Farmácia (SD), e nomeou Gardene Moreira para o cargo. Gardene já esteve à frente do instituto na gestão anterior, durante o mandato do ex-prefeito Rogério Cruz.

 

Em nota ao jornal O HOJE, a prefeitura informou que está em andamento um processo de reestruturação do plano, com o objetivo de melhorar a administração e garantir mais qualidade no atendimento. A gestão afirma estar seguindo uma série de determinações do Ministério Público de Goiás (MP-GO), incluindo um plano de transformação estrutural.

 

Esse plano, segundo a prefeitura, prevê medidas como: estabilização do quadro de pessoal, modernização dos processos internos, reorganização financeira, melhoria na fiscalização dos contratos e acompanhamento da execução dos serviços.

 

Outro ponto destacado é a regularização dos pagamentos aos prestadores de serviço com contratos ativos, além da ampliação do diálogo com a rede credenciada. O Imas também afirma estar investindo em transparência e sustentabilidade na gestão, buscando um modelo que atenda melhor os usuários, com mais eficiência e menos falhas.

 

Ministério Público cobra soluções concretas

 

Em maio, o MP-GO se reuniu com Mabel e representantes da nova gestão do Imas para discutir problemas e propor soluções. O encontro contou com a presença da coordenadora da Área da Saúde do MP, Marlene Nunes, e dos promotores Carmem Lúcia Santana e Cassius Marcellus de Freitas Rodrigues.

 

Durante a reunião, foi discutida a possibilidade de firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com prazos e metas claras para reorganizar o instituto. Segundo o MP, ainda existem irregularidades sob investigação, e o diálogo busca evitar medidas mais drásticas, como a extinção do órgão.

 

Em setembro, o MP estabeleceu um prazo final para o Imas entregar seu Plano de Transformação Estrutural: o dia 16 de outubro. Essa decisão foi tomada em uma reunião realizada na sede do MP, onde promotores e representantes do instituto e de órgãos de controle discutiram a situação da entidade.

Durante o encontro, os promotores destacaram problemas sérios no funcionamento do instituto, principalmente no atendimento de saúde aos servidores, e a necessidade urgente de mais transparência na gestão. Foi ressaltado que a falta de confiança da população na instituição é resultado de irregularidades que se acumularam ao longo dos anos, sendo crucial reconstruir um vínculo sólido com os usuários.

Gardene informou que a entidade enfrenta grandes dificuldades, com cargos importantes ainda vagos (como o da secretaria executiva e da Diretoria de Assistência à Saúde) e gargalos financeiros e organizacionais, dependendo totalmente da prefeitura. Ela revelou a dimensão do desafio: a dívida do Imas está estimada em mais de R$ 145 milhões. Apesar disso, a gestão afirmou estar empenhada em encontrar soluções.

Os relatos de quem depende diariamente do instituto mostram que os problemas continuam, e afetam diretamente a vida dos pacientes. É o caso do aposentado Carlos de Lima, de 75 anos, que está em tratamento contra o câncer. “Estou em tratamento oncológico e às vezes o Imas trava autorizações. Vejo que é pequeno detalhe de organização”, desabafa.

Carlos relata que, por um problema simples no sistema, exames essenciais para o seu tratamento atrasam. “Teve uma vez que eu precisava fazer um hemograma para ver se minha imunidade estava em condições de receber a quimioterapia, mas o Imas autoriza a partir de 30 dias e a quimioterapia é de 21 em 21 dias. Isto é um exame que custa menos de 10 reais ao Imas”.

De acordo com ele, o instituto até tem políticas para não cobrar coparticipação de pacientes oncológicos, mas a burocracia impede o bom funcionamento disso. “Para os casos oncológicos o Imas abre mão desta coparticipação e, mesmo que não tiver cota, é autorizado, mas precisa ser provado. Para que não seja cobrado a coparticipação, abre-se um processo para provar o tratamento”.

A raiz do problema, diz Carlos, é o cadastro no sistema: “Cada segurado tem, através de sua matrícula, o cadastro de cada exame realizado. Pra mim, o absurdo é que a nova situação não é jogada, não passa a constar no sistema, na matrícula. Assim, quem vai analisar, não sabe que é tratamento oncológico”.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Veja também