Morre a atriz Berta Loran, ícone do humor brasileiro, aos 99 anos
Atriz faleceu no Rio de Janeiro e deixa legado de personagens marcantes na TV
A televisão brasileira se despediu, na noite de domingo (28), de uma de suas atrizes mais queridas. Berta Loran, conhecida por papéis memoráveis em programas de humor e novelas, faleceu aos 99 anos, no Hospital Copa D’Or, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A morte foi confirmada pela unidade de saúde na manhã desta segunda-feira (29).
“O Hospital Copa D’Or informa, com pesar, o falecimento da Sra. Berta Loran na noite de domingo (28) e se solidariza com a família, amigos e fãs por essa irreparável perda. O hospital também informa que não tem autorização da família para divulgar mais detalhes”, diz a nota divulgada pela instituição.
Da infância em Varsóvia ao sucesso no Brasil
Nascida em Varsóvia, na Polônia, em 23 de março de 1926, Berta Loran recebeu o nome de batismo Basza Ajs. Aos nove anos, desembarcou no Brasil ao lado da família e decidiu adotar o nome artístico que a acompanharia por toda a carreira. Seu pai, José Ajs, alfaiate e também ligado ao teatro, participava de apresentações voltadas à comunidade judaica no país. Foi nesse ambiente que Berta descobriu a paixão pelos palcos.
A estreia aconteceu cedo, aos 14 anos, de forma espontânea. Em entrevista ao projeto Memória Globo, ela relembrou o episódio: “Eu sempre fui trapalhona, traquina, sapeca, danada. Com 14 anos, botei o salto alto da minha mãe e subi no palco. Quebrei o salto e saí mancando. O povo começou a rir. E eu gostei! Pensei comigo: ‘o bom é fazer rir’”.
Décadas de trajetória na televisão
Berta Loran iniciou sua carreira na TV Globo em 1966, integrando o elenco de Riso Sinal Aberto ao lado de nomes como Grande Otelo, Nádia Maria e Amândio Silva Filho. A produção tinha direção de Max Nunes e Haroldo Barbosa. Pouco depois, entre 1968 e 1971, esteve no humorístico Balança Mas Não Cai, dividindo o palco com Agildo Ribeiro, Paulo Gracindo e Jô Soares.
A atriz também marcou presença em atrações que ficaram na história do humor brasileiro, como Faça Humor, Não Faça Guerra e Satiricom. Neste último, exibido em 1974, se destacou especialmente pelas paródias bem-humoradas de comerciais televisivos. Sua parceria com Jô Soares atravessou diferentes fases, passando por programas como Planeta dos Homens (1976) e Viva o Gordo (1981).
Entre seus personagens mais lembrados estão a portuguesa Manuela D’Além Mar, da Escolinha do Professor Raimundo, e Frosina, a empregada doméstica da novela Amor com Amor Se Paga (1984). O último trabalho de Berta em novelas foi uma participação especial em A Dona do Pedaço (2019), na pele de Dinorá.
Além da televisão, sua trajetória também foi registrada em livro. Em 2016, o produtor cultural João Luiz Azevedo lançou Berta Loran: 90 anos de humor (Litteris), obra que celebrou a vida e a carreira da atriz.
Nos últimos anos, Berta Loran viveu longe dos holofotes, mantendo-se reclusa e com raros contatos com a imprensa. A atriz completaria 100 anos em março de 2026.
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