Poluição em córregos de Goiás acende alerta ambiental e resulta em multa milionária à Saneago
Dois casos recentes de poluição em córregos de Goiás, um em Bela Vista de Goiás e outro em Trindade, chamaram a atenção da Semad
Dois casos recentes de poluição em córregos de Goiás, um em Bela Vista de Goiás e outro em Trindade, chamaram a atenção da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). O mais recente, em Trindade, foi identificado no último domingo, quando vídeos nas redes sociais mostraram espuma e peixes mortos em um curso d’água próximo a um curtume. Já em Bela Vista, a contaminação do Córrego Sussuapara resultou em multa de R$ R$ 2.755.000 milhões à Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago).
Em Bela Vista, a denúncia partiu da Associação SOS Rio Piracanjuba e o do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental (Idesa) que registrou a presença de espuma no córrego e acionou a Semad. “A gente viu um vídeo do Idesa, aí nessa comunicação já acionou o pessoal aqui da Semad pra ir no próximo dia. Eu avisei a equipe, vamos ter que ir lá porque isso é preocupante. A gente foi lá na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e chegando lá identificamos esse lançamento de espuma no local”, relatou Carlos Eduardo, analista e fiscal ambiental da Semad.
A vistoria da secretaria foi realizada no dia 15 de setembro e incluiu coleta de amostras do córrego antes e depois do ponto de lançamento da ETE da Saneago. “Teve relato de mortandade de peixe, mas no momento não identificamos mortandade de peixe. Só os relatos da população. Mesmo assim, já fizemos um laudo de constatação por lançamento de espuma e por causa desse parâmetro”, disse.
Córrego Sussuapara custa R$ 2,7 milhões à Saneago
Os resultados das análises mostraram valores fora do limite legal, o que resultou na aplicação da multa milionária. “O valor da multa é de R$ 2.755.000. A gente tem uma orientação normativa para a valoração das multas. A gente analisa o tamanho do empreendimento, o dano no meio ambiente, e a gente enquadrou em certo parâmetro e fez a autuação”, detalhou.
Em nota ao jornal O HOJE, a Saneago afirmou que a ETE de Bela Vista opera dentro dos padrões ambientais e que o córrego tem capacidade de absorver o efluente tratado. Segundo a empresa, a substância “acrilamida” não é parâmetro obrigatório e os resultados indicam que há outras fontes de poluição na região.
Carlos Eduardo explicou que a ETE precisa melhorar o processo de tratamento. “O esgoto está chegando no tratamento e está tratando, só que o tratamento deles está ineficiente pelo que observou. Então, não pode falar que estão poluindo, e sim que não estão tratando direito. Eles têm que melhorar o sistema de tratamento deles”, afirmou.
Já o caso mais recente envolve um curtume em Trindade, que também teria despejado efluentes irregulares em um córrego. “A Semad tomou conhecimento do acidente ambiental no domingo, a partir de informações em redes sociais. No domingo mesmo, a secretaria determinou que os seus analistas fiscais fossem até o local para verificar a denúncia”, explicou Sayro Reis, gerente de acidentes ambientais da Semad.
A vistoria foi feita na última segunda-feira (13) pela manhã no córrego. “Chegando no local foi identificado que não existia naquele momento a situação de flagrante que foi indicado nos vídeos. Fizemos as coletas de água, tanto a montante quanto a jusante do incidente. Mandamos essas amostras para o laboratório da Semad e também fizemos no local análise com a nossa sonda, que nos dá parâmetros menores, mas de forma instantânea. Dessa forma foi detectado, mesmo com parâmetros menores, a poluição daquele córrego”, relatou Sayro.
Os vídeos mostravam espuma e mortandade de peixes dentro do córrego. “Foi detectado realmente um alto índice de poluentes, muito acima dos padrões. Diante disso, estão sendo tomadas todas as providências administrativas para que o agente poluidor possa resolver a questão e mitigar as ações poluentes. É uma empresa de curtume que trabalha com couro no município de Trindade”, disse Sayro.
Carlos Eduardo reforça que as investigações continuam para apurar o que aconteceu no córrego. “A gente tem que esperar os resultados completos, não só da sonda, mas também do laboratório. Mesmo assim, a gente vai continuar verificando se realmente esse empreendimento foi causador dessa mortandade de peixe. Pode ser que outros empreendimentos também tenham contribuído”, afirmou.
Além de Bela Vista e Trindade, a Semad também atuou em outros acidentes ambientais neste ano. Um deles ocorreu em Padre Bernardo onde parte do lixão desabou no córrego Santa Bárbara. “Foi uma situação grave, porque o desabamento do lixão em Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal, contaminou o córrego Santa Bárbara e em seguida o rio do Sal, quase 60 mil toneladas de lixo que escorreram pela grota e o córrego Santa Bárbara. Mas, essa situação já está sendo contida”, relatou Sayro.