Menopausa: data reforça importância do acompanhamento médico e atenção aos sintomas
A ausência de menstruação é o principal indicativo da chegada da menopausa
O Dia Mundial da Menopausa, celebrado no sábado (18), tem como propósito ampliar a conscientização sobre o climatério, que compreende a pré, a pós e a própria menopausa, além de destacar a importância de reconhecer e tratar adequadamente seus sintomas. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de mulheres vivem essa fase.
A condição marca o fim natural do ciclo reprodutivo feminino e ocorre em idades diferentes para cada mulher, geralmente entre 45 e 55 anos. Quando os sinais aparecem antes dos 40, o quadro é classificado como menopausa precoce. Em muitos casos, os sintomas são confundidos com outras alterações de saúde, o que reforça a necessidade de informação e acompanhamento médico.
Principais sintomas físicos
A ausência de menstruação é o principal indicativo da chegada da menopausa. Antes que o ciclo menstrual cesse completamente, é comum que a mulher passe meses sem menstruar, até que o organismo entre em uma nova fase. Esse período é conhecido como climatério e abrange sintomas típicos da pré-menopausa, como as ondas de calor. A menopausa é confirmada após 12 meses consecutivos sem menstruação.
Segundo a ginecologista Mariana Fernandes, entre os sintomas mais característicos da menopausa estão as sensações repentinas de calor intenso. “Essas ondas de calor resultam do desequilíbrio hormonal e costumam vir acompanhadas de sudorese e desconforto e o cansaço também é frequente nessa fase, consequência das alterações hormonais que afetam a energia e a disposição. Com acompanhamento adequado, é possível controlar os sintomas e manter uma boa qualidade de vida”, afirma.
As alterações vaginais são outro sinal comum, incluindo a diminuição da lubrificação natural e a sensibilidade na região íntima, o que pode causar dor durante as relações sexuais, condição chamada dispareunia. Embora recorrente, esse sintoma não deve ser considerado normal e pode ser tratado com orientação ginecológica.
A queda nos níveis hormonais também pode causar enfraquecimento dos músculos pélvicos, levando à incontinência urinária, caracterizada pela dificuldade em reter a urina. Além disso, a redução hormonal afeta a pele e os cabelos: é comum notar ressecamento cutâneo, perda de viço e aumento da queda capilar.
Outro efeito possível é o ganho de peso, frequentemente associado à diminuição do metabolismo e à menor presença de hormônios circulantes. A prática regular de atividades físicas e uma alimentação equilibrada são fundamentais para evitar esse quadro.
Segundo a ginecologista as dores articulares e ósseas podem surgir. “Especialmente quando há perda de massa óssea, aumentando o risco de osteoporose. Nessa fase, o acompanhamento médico e a realização de exames para avaliar a densidade óssea são medidas essenciais para preservar a saúde e o bem-estar da mulher”, afirma.
Impactos psicológicos
A dificuldade para dormir é uma das queixas mais frequentes entre mulheres que atravessam a menopausa. O desconforto físico, as ondas de calor e o cansaço acumulado estão entre os fatores que prejudicam a qualidade do sono. A falta de descanso adequado, por sua vez, contribui para o surgimento de outros sintomas, como fadiga mental, lapsos de memória e dificuldade de concentração.

Segundo especialistas, o cansaço psicológico tende a se manifestar por meio da dificuldade de focar em tarefas simples, lembrar de informações básicas ou manter a atenção por longos períodos. Dores de cabeça e sensação de exaustão também são comuns.
As alterações hormonais, associadas à redução da lubrificação vaginal e ao desconforto nas relações sexuais, podem ainda impactar a libido. No entanto, médicos ressaltam que essas mudanças são temporárias e que, com tratamento adequado, é possível manter uma vida sexual ativa e satisfatória em qualquer fase da vida.
O sono fragmentado e o desgaste mental também influenciam a capacidade de aprendizado e a memória. Conforme o tratamento avança e o equilíbrio hormonal é restabelecido, esses sintomas tendem a diminuir.
Outro aspecto recorrente é a ansiedade. De acordo com profissionais da área, o quadro pode ser desencadeado tanto pelas alterações hormonais quanto pelas incertezas que marcam o início dessa nova etapa. Quando não controlada, a ansiedade pode evoluir para distúrbios psicoemocionais mais graves, o que torna essencial o acompanhamento médico e, em alguns casos, psicológico.
Além disso, as variações hormonais contribuem para mudanças de humor semelhantes às observadas na tensão pré-menstrual (TPM). Irritabilidade, impaciência, episódios de tristeza e choro fácil estão entre as manifestações mais comuns. Especialistas recomendam acompanhamento profissional e adoção de hábitos saudáveis, como atividade física regular e alimentação equilibrada, para aliviar os efeitos emocionais e físicos da menopausa.
Reposição hormonal e hábitos saudáveis
O tratamento da menopausa geralmente inclui a reposição hormonal, que utiliza hormônios como estradiol, progesterona e testosterona para restabelecer o equilíbrio do organismo e aliviar os sintomas provocados pela queda hormonal.
De acordo com a ginecologista, a terapia de reposição pode melhorar significativamente a qualidade de vida das pacientes e, na maioria dos casos, é bem tolerada. No entanto, a especialista ressalta que o tratamento deve ser individualizado e iniciado apenas após avaliação médica detalhada, considerando os benefícios e os riscos. Mulheres com histórico de câncer de mama ou com doenças cardiovasculares não devem realizar a reposição hormonal.
Além da terapia, manter hábitos saudáveis é fundamental. A hidratação adequada continua sendo essencial nessa fase, especialmente porque o corpo tende a apresentar maior ressecamento da pele e das mucosas. Ingerir água regularmente ajuda no bom funcionamento do organismo e contribui para o bem-estar geral.
A prática de atividades físicas também é uma aliada importante no controle dos sintomas. O exercício regular auxilia na manutenção do peso, melhora o humor, reduz o estresse e favorece o equilíbrio hormonal, além de contribuir para noites de sono mais tranquilas.
Segundo especialistas, não é necessário frequentar uma academia para obter esses benefícios. Caminhadas, corridas, aulas de dança, natação e hidroginástica são alternativas eficazes e acessíveis para manter o corpo ativo e saudável durante a menopausa.