Os goianos começaram a sentir um peso maior no orçamento doméstico desde a última quarta-feira (22). Isso porque, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o reajuste tarifário de 2025 da Equatorial Goiás, distribuidora responsável pelo fornecimento de energia em 237 municípios do Estado. O aumento médio será de 18,55%, incidindo sobre as contas de 3,49 milhões de unidades consumidoras.

Segundo a decisão da Aneel, os consumidores ligados em baixa tensão, categoria que inclui residências, pequenos comércios e serviços, terão um acréscimo médio de 19,01%, enquanto os clientes de alta tensão, como indústrias e grandes estabelecimentos, enfrentarão reajuste de 17,04%. O impacto será ainda mais significativo para o grupo Residencial B1, que verá a tarifa subir 19,56%.

De acordo com a agência reguladora, o reajuste anual é um procedimento previsto nos contratos de concessão das distribuidoras de energia elétrica e ocorre para atualizar custos de geração, transmissão e encargos setoriais. Neste ano, os encargos setoriais cresceram 32,5%, representando quase 6 pontos percentuais do aumento final. Outros fatores que pressionaram as tarifas foram a alta nos custos de transmissão (11,5%) e as despesas com compra de energia e encargos financeiros.

Em nota, a Equatorial Goiás afirmou que o reajuste foi calculado conforme as regras regulatórias da Aneel e destacou que o percentual poderia ter sido ainda maior. “O pedido inicial da Aneel era que fosse de 22,04%, porém a Equatorial Goiás solicitou à Agência a inclusão de um redutor tarifário no limite-teto permitido pelas regras regulatórias. Esse pedido significou uma redução aproximada de 3,5p.p no efeito médio do reajuste, fechando em 18,55%”, explicou a distribuidora.

A empresa também reforçou que, na composição das tarifas, apenas R$ 26,77 de cada R$ 100 pagos pelos consumidores ficam com a Equatorial, destinados à manutenção, operação e investimentos na rede elétrica. Outros R$ 33,59 são repassados às empresas de geração e transmissão, enquanto R$ 39,64 correspondem a impostos e encargos setoriais definidos por leis e normas federais.

Críticas feitas pelo governo estadual ao reajuste

O reajuste, no entanto, provocou reação imediata do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que criticou duramente a decisão da Aneel e atribuiu o aumento ao governo federal. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Caiado afirmou que o novo valor da tarifa representa “mais um presente do governo Lula aos goianos”.

“A Aneel determinou que a partir de amanhã todos vão receber um aumento de quase 20% na conta de luz em Goiás. O governo do Lula, mais uma vez, está metendo a mão no bolso do cidadão goiano”, declarou o governador.

Caiado também argumentou que o reajuste penaliza principalmente as famílias de baixa renda. “Como a energia tem um peso maior no orçamento das famílias carentes, quem vai sofrer mais são os mais pobres. O aumento nas residências será de 19,56%”, disse. O governador ainda criticou a falta de investimentos federais em geração e infraestrutura energética no estado: “Ao invés de investir em mais energia, preferem cobrar mais caro por um serviço de péssima qualidade.”

Os reajustes tarifários das distribuidoras de energia são comuns nesta época do ano e seguem critérios técnicos da Aneel. Apesar disso, em um contexto de inflação controlada e renda familiar ainda em recuperação, aumentos dessa magnitude tendem a gerar forte impacto social e político. 

Goiás não é o único Estado a enfrentar elevação nas tarifas em 2025, a Aneel vem autorizando revisões em várias concessionárias do País, influenciadas pelos mesmos fatores: aumento de encargos, custos de transmissão e preço da energia no mercado regulado.

Especialistas do setor avaliam que, mesmo com o redutor aplicado, o reajuste da Equatorial Goiás está entre os maiores percentuais já registrados no Estado nos últimos anos. Para as famílias, a conta de luz deve ter um peso ainda mais expressivo no orçamento doméstico, especialmente em um cenário de calor intenso e consumo elevado de energia nos próximos meses.

Com o novo reajuste em vigor, a orientação é que os consumidores redobrem a atenção ao uso consciente de energia. Pequenas medidas, como evitar o desperdício, usar aparelhos com maior eficiência e desligar equipamentos em stand-by, podem ajudar a amenizar o impacto das novas tarifas nas contas mensais.