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sábado, 6 de dezembro de 2025
portal cultural

Viva o Centro ocupa a Rua do Lazer e comemora os 92 anos de Goiânia

Evento idealizado pela vereadora Kátia reúne shows e lançamento de um portal cultural que valoriza o coração da capital

Luana Avelarpor Luana Avelar em 24 de outubro de 2025
viva o centro
Foto: Divulgação

O Centro de Goiânia sempre foi um território de cruzamentos: comércio popular, arte de rua, trabalhadores, moradores, resistência e abandono. É ali que a cidade mostra suas contradições, entre o patrimônio art déco e as marcas do esquecimento urbano. Nesta sexta-feira (24), o projeto Viva o Centro ocupa a Rua do Lazer com uma programação que comemora os 92 anos da capital, reunindo manifestações populares, apresentações musicais e o lançamento de um portal dedicado à vida cultural da região.

A vereadora Kátia (PT), idealizadora da iniciativa, define o evento como um gesto de devolução simbólica da cidade a seus habitantes. “O Viva o Centro nasceu para devolver o protagonismo a quem vive, trabalha e circula por aqui. É um projeto que ocupa as ruas com cultura, serviços e participação popular. A cada edição, a gente leva shows, feiras, debates, ações de saúde e cidadania. Isso transforma o Centro num espaço vivo, de convivência e decisão, onde o povo volta a ser ouvido e o poder público é cobrado a cuidar. Como moradora, eu vejo todos os dias como essa mobilização desperta nas pessoas o sentimento de pertencimento. O Centro volta a ser um território político porque as pessoas voltam a participar da vida da cidade”, afirma.

A proposta ganha força em um momento em que Goiânia busca redefinir sua relação com o espaço público. Cidade planejada para o automóvel e para a segregação, ela empurrou a pobreza para as bordas e a cultura para o improviso. O retorno das pessoas ao coração urbano representa, segundo Kátia, uma inversão necessária de prioridades. “O renascimento do Centro mostra que é possível ter uma cidade boa pra todo mundo, e não só pra quem mora nas áreas mais valorizadas. Quando o poder público investe em espaços abertos, limpos, iluminados e com programação cultural gratuita, as pessoas voltam. O Viva o Centro é a prova disso: ele mostra que a rua pode ser espaço de lazer, cultura e economia. É uma resposta concreta a esse modelo que abandonou o público. Nós estamos mostrando que cuidar do Centro é valorizar o coletivo e reafirmar o direito à cidade”, diz.

A relação entre patrimônio e abandono é uma das tensões mais visíveis do centro histórico. Entre casarões tombados e prédios desativados, há um campo de disputa entre a memória e a degradação. A vereadora rejeita a ideia de revitalização como mera maquiagem urbana. “A gente trabalha nas duas frentes: preserva o patrimônio, mas também enfrenta o abandono. Não queremos um Centro ‘de vitrine’, só pra foto. Queremos um lugar vivo, com segurança, comércio ativo, transporte funcionando e ruas limpas. As ações do projeto envolvem revitalização, eventos culturais, incentivo ao comércio e também diálogo com quem vive em situação de rua. É um trabalho de cuidado cotidiano, que vai muito além da pintura de fachada. O Centro precisa ser vivido, e não apenas admirado de longe”.

O evento desta sexta inclui ainda o lançamento do portal Viva o Centro, uma plataforma que reúne roteiros temáticos — como a Trilha dos Cafés, a Trilha dos Brechós, a Trilha dos Museus e a Trilha do Art Déco — além de informações sobre comércio, cultura e lazer. O site, segundo a vereadora, é mais que uma vitrine virtual: é uma ferramenta de reaproximação entre pessoas e espaços. “O portal é uma extensão do que já acontece nas ruas. Ele vai ajudar as pessoas a redescobrirem o Centro — suas lojas tradicionais, bares, feiras, roteiros culturais. A ideia é facilitar a circulação, atrair mais gente e fortalecer o comércio local. E tem algo muito bonito nisso: o site também dá visibilidade a quem produz cultura e trabalha aqui, ajudando a gerar renda e movimentar a economia. É tecnologia a serviço da vida real, conectando histórias, pessoas e lugares”, afirma.

Produzido por artistas e agentes locais, o Viva o Centro busca se afirmar como exemplo de descentralização cultural. Em um país onde a maior parte dos investimentos em cultura ainda se concentra no eixo Rio–São Paulo, a vereadora defende o protagonismo regional. “O Viva o Centro é feito por artistas de Goiânia e da região. A gente valoriza quem está aqui, quem vive da arte e precisa de espaço pra mostrar seu trabalho. Lutamos por políticas públicas de fomento, pra que esses artistas tenham estrutura e continuidade. Meu papel é abrir caminhos, criar oportunidades e mostrar que a cultura goiana tem identidade, força e merece investimento. A descentralização começa quando o poder público reconhece e apoia o que é produzido localmente”.

Além das apresentações e do novo portal, o projeto inaugura também um estúdio de podcast popular no Escritório de Apoio da vereadora, na Rua do Lazer. A proposta une comunicação comunitária e memória urbana. “O estúdio vai registrar as histórias de quem faz o Centro. Queremos que o podcast seja uma ferramenta de comunicação popular, feita por quem vive a realidade daqui. Vamos contar as histórias, divulgar as ações, cobrar soluções e manter viva a memória do nosso bairro. O Centro tem voz, e ela precisa ser ouvida”, explica.

Entre os sons do Terno Congada Rosa & Branco, o Clube do Samba e o grupo Coró de Pau, o Viva o Centro reafirma o espaço público como lugar de encontro. No coração de Goiânia, a cultura se torna linguagem de resistência e ferramenta de reconstrução urbana.

Leia mais: https://ohoje.com/2025/10/03/ocupa-centro-tenta-devolver-vida-cultural-ao-coracao-de-goiania-apos-decadas-de-descaso/

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