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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Mobilidade urbana

Frota de veículos goianos dispara e pressiona economia, mobilidade e mercado imobiliário

Com 1,37 milhão de carros em circulação, crescimento acelerado da frota gera impactos na produtividade, comércio e valorização de bairros

Letícia Leitepor Letícia Leite em 27 de outubro de 2025
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Goiânia é a única Capital brasileira onde carros particulares superam o transporte coletivo, segundo a pesquisa Viver Cidades – Mobilidade. Foto: Divulgação/Secom

O crescimento da frota de veículos em Goiânia nos últimos anos tem causado impactos econômicos e urbanísticos significativos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que entre 2006 e 2024 o número de veículos na Capital mais que dobrou, passando de 621.752 para 1,372 milhão. No mesmo período, a população cresceu de 1,2 milhão para 1,494 milhão, evidenciando que a expansão da frota supera amplamente o crescimento demográfico.

O aumento exponencial de veículos tem reflexos diretos na economia local. No setor imobiliário, bairros com maior infraestrutura viária, facilidade de acesso a vias principais e proximidade de centros comerciais registram valorização expressiva. “O crescimento da frota gera demanda por imóveis com garagem e acessibilidade, impactando o preço do metro quadrado e atraindo investimentos em empreendimentos residenciais e comerciais”, explica Daniela Ribeiro, corretora de imóveis que atua na Capital há mais de 15 anos.

Além disso, o setor automotivo e de serviços relacionados experimenta crescimento constante. Oficinas mecânicas, concessionárias e postos de combustíveis observam aumento de clientes, gerando empregos e movimentando o comércio local. Rafael Souza, proprietário de uma oficina no Setor Jaó, afirma: “Nos últimos cinco anos, percebemos um aumento de cerca de 40% na demanda por serviços automotivos. Isso impulsionou contratações e aqueceu o comércio de peças e acessórios.”

Frota de veículos também impacta produtividade das empresas

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Foto: Detran-GO

Por outro lado, a sobrecarga no trânsito impacta diretamente a produtividade das empresas. Congestionamentos aumentam o tempo de deslocamento, elevam os custos com combustível e logística, e afetam a rotina de trabalhadores e comerciantes. Com isso, a cidade precisa consolidar centros comerciais e serviços em diferentes bairros, adotando um modelo policêntrico. Essa estratégia reduz deslocamentos longos, melhora a eficiência econômica e diminui os custos urbanos.

Alguns bairros já apresentam sinais dessa transformação. Eldorado, Setor Jaó, Garavelo, Goiânia 2 e Parque Lozandes têm registrado a instalação de novos polos comerciais e residenciais, aproximando serviços essenciais das residências e reduzindo a dependência de longos deslocamentos. Segundo especialistas, essa descentralização é positiva não apenas para a mobilidade, mas também para o comércio local, que se beneficia da maior circulação de pessoas nos bairros.

Investimentos em transporte público e mobilidade sustentável também são apontados como medidas essenciais. Expansão de ciclovias, corredores exclusivos para ônibus e modernização da frota de transporte coletivo, incluindo veículos elétricos, podem ajudar a equilibrar o crescimento da frota com a eficiência econômica e qualidade de vida. Atualmente, Goiânia é a única Capital brasileira onde carros particulares superam o transporte coletivo, segundo a pesquisa Viver Cidades – Mobilidade.

Especialistas alertam que, sem planejamento integrado, o aumento da frota pode gerar impactos negativos no comércio e na economia urbana. “O crescimento de veículos não precisa ser um problema. Se houver políticas que incentivem o uso racional do transporte, valorizem bairros estratégicos e equilibrem a oferta de serviços, a frota pode ser um motor de desenvolvimento econômico”.

Enquanto a frota continua crescendo, Goiânia enfrenta o desafio de equilibrar mobilidade, valorização de bairros, eficiência econômica e sustentabilidade urbana. O futuro da cidade dependerá de políticas que integrem planejamento urbano, transporte e economia, garantindo que o crescimento da frota gere oportunidades, e não apenas congestionamentos e custos extras para empresas e moradores.

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