Segmento de elétricos cresce e mantém 92% dos consumidores
Apesar de desafios estruturais, Goiás se destaca como polo de mobilidade elétrica e impulsiona adoção de veículos eletricos no País
A adoção de veículos elétricos (VEs) vem transformando o ecossistema de transportes no Brasil, refletindo uma mudança de mentalidade voltada à sustentabilidade, embora o País ainda enfrenta desafios estruturais para acompanhar os padrões globais.
A presença crescente de carros elétricos nas ruas reflete não apenas uma mudança cultural, mas também a busca por cidades mais limpas e eficientes. De acordo com a pesquisa Global EV Survey, 92% dos motoristas de VEs afirmam que pretendem permanecer nesse segmento, evidenciando uma taxa elevada de fidelização e satisfação.
No cenário internacional, a transição para veículos eletrificados ocorre de forma acelerada. Em agosto de 2025, o mercado global de carros eletrificados — incluindo veículos elétricos a bateria (BEVs) e híbridos plug-in (PHEVs) — totalizou 1.713.434 unidades vendidas, representando crescimento anual de aproximadamente 15%.
Os veículos 100% elétricos atingiram 18% de participação global, enquanto o total de plug-ins chegou a 27%, indicando que, a cada quatro veículos novos vendidos no mundo, um já possui capacidade de recarga externa. A China mantém liderança absoluta, com sete das dez maiores fabricantes globais e responsável por mais de 60% das vendas globais em agosto. A BYD liderou o ranking mundial com 344.839 unidades, correspondendo a 20,1% do total global de elétricos e híbridos plug-in.

O elevado índice de satisfação dos motoristas brasileiros está diretamente associado a benefícios tangíveis. Entre eles estão a redução de emissões de poluentes, a economia com combustível, o baixo custo de manutenção e a experiência aprimorada de condução proporcionada pela tecnologia. Híbridos como o Omoda 5 HEV, considerado o SUV híbrido mais acessível do Brasil, utilizam a própria energia gerada na frenagem para recarregar a bateria, dispensando recarga elétrica externa, combinando conveniência, sustentabilidade e inovação tecnológica. Além disso, incentivos fiscais em algumas regiões tornam a tecnologia mais acessível e estimulam a adoção gradual dos VEs.
Apesar do avanço, a penetração de veículos elétricos no Brasil ainda é baixa. Em agosto de 2025, os BEVs puros representaram apenas 3,6% do mercado nacional, enquanto o total de plug-ins alcançou 7,3%. Em 2024, menos de 7% dos veículos licenciados eram elétricos. Entre os principais entraves estão o alto preço dos modelos importados, infraestrutura de recarga insuficiente e concentrada em poucas regiões, ausência de incentivos estruturais consistentes, complexidade tributária e tarifas de eletricidade elevadas.
Um estudo da Thymos Energia aponta que o País mantém “dependência significativa do setor de combustíveis fósseis” e que o governo apresenta “resistência em promover ativamente a adoção de VEs”, o que pode comprometer a competitividade industrial se ações decisivas não forem implementadas.
No contexto nacional, Goiás se consolida como um polo emergente da mobilidade elétrica. Representando 4% do mercado brasileiro, o Estado conta com 14,8 mil veículos eletrificados. Goiânia figura como o oitavo município do País em vendas de eletrificados leves desde 2022, com 6.806 unidades comercializadas, incluindo BEV, PHEV e HEV.
Para atender à demanda crescente, o Estado receberá uma fábrica da multinacional chinesa Teld Eco Charger, responsável por 42% da produção de carregadores na China, além da implantação de três eletropostos ultra rápidos em Goiânia, com recarga completa em até 20 minutos. O investimento total de R$ 100 milhões visa posicionar a região como referência nacional em eletromobilidade.
A demanda por veículos elétricos em Goiás tem sido impulsionada principalmente por motoristas de aplicativos de transporte, que, em Goiânia e Brasília, utilizam cerca de 30% da frota elétrica. Pessoas físicas e jurídicas também têm optado por carros eletrificados, atraídos pela economia e pelo impacto ambiental reduzido. Entre 2023 e 2024, a frota de carros elétricos de uma locadora local cresceu 525%, evidenciando o aumento expressivo da adesão a veículos sustentáveis.
É importante destacar, contudo, que, diferente do Distrito Federal, que concede isenção total de IPVA, os Estados de Goiás e Mato Grosso não oferecem qualquer benefício fiscal para veículos eletrificados, enquanto o Mato Grosso do Sul concede desconto de 70%. A expectativa é que a chegada de novas marcas chinesas, como BYD, GWM, GAC, Omoda-Jaecoo e Zeekr, somada à expansão da infraestrutura regional, contribua para consolidar o Brasil no cenário global da eletromobilidade, promovendo maior integração entre indústria, consumidores e padrões internacionais de sustentabilidade e inovação tecnológica.
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