Operação internacional derruba serviços de “gatonet” e deixa brasileiros sem sinal
A ação, coordenada na Argentina, bloqueou mais de 30 plataformas ilegais de streaming e TV pirata usadas no Brasil
Uma grande operação internacional de combate à pirataria digital desmantelou, nesta semana, uma rede de serviços ilegais de streaming e TV pirata, o chamado “gatonet” que operava no Brasil. A ação foi conduzida por autoridades argentinas e contou com apoio de entidades que monitoram crimes cibernéticos em toda a América Latina.
O resultado foi imediato: mais de 30 plataformas conhecidas por oferecer acesso irregular a filmes, séries e canais pagos foram bloqueadas, afetando milhares de brasileiros que usavam o serviço de “gatonet”, termo popular para os sistemas piratas que distribuem conteúdo pago sem autorização.
TV Express, My Family Cinema e Eppi Cinema

Entre os serviços de “gatonet” derrubados estão nomes que se tornaram comuns nos grupos de venda de TV boxes e fóruns de tecnologia, como TV Express, My Family Cinema e Eppi Cinema. Muitos usuários, que pagavam assinaturas mensais ou anuais, relataram que o sinal “simplesmente sumiu” do dia para a noite.
De acordo com a investigação, o centro das operações ficava em Buenos Aires, de onde partiam os sinais do “gatonet” e as vendas de acesso para países da região — especialmente o Brasil, que respondia pela maior parte dos assinantes. Estima-se que 4,6 milhões de brasileiros utilizavam esses sistemas ilegais, movimentando cerca de R$ 1 bilhão por ano.
Gatonet: Pirataria é crime
A ação argentina faz parte de um esforço internacional para conter a pirataria audiovisual, que tem se expandido rapidamente com o avanço dos serviços de streaming. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), entre 2018 e 2025 foram apreendidos mais de 1,5 milhão de aparelhos não homologados (“gatonet”) e bloqueados mais de 4 mil domínios e 24 mil endereços de IP ligados a transmissões ilegais.
Esses aparelhos — popularmente conhecidos como TV box pirata — funcionam como “atalhos” para acessar canais pagos, plataformas e até eventos esportivos de forma gratuita ou por valores muito abaixo do mercado. O problema é que, além de violar direitos autorais, eles colocam o usuário em risco, já que muitos desses dispositivos contêm softwares maliciosos e abrem brechas para golpes e roubo de dados.
O alerta vale também para consumidores em Goiás. Com o crescimento das vendas online e das ofertas em marketplaces, tem sido cada vez mais comum encontrar aparelhos que prometem acesso “ilimitado” a filmes, séries e futebol sem assinatura oficial. O consumidor deve sempre verificar se o produto é homologado pela Anatel, o que pode ser feito no site do órgão.
Especialistas em segurança digital lembram que a pirataria não é um crime “sem vítima”: além de afetar estúdios, canais e criadores de conteúdo, ela também alimenta redes ilegais e fraudes digitais. A Anatel reforça que usuários flagrados revendendo ou distribuindo sinal ilegal podem responder criminalmente.
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