Policiais civis da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) prenderam em flagrante, nesta terça-feira (4), dois homens suspeitos de tráfico de drogas que utilizavam um lava jato, localizado no Setor Esplanada dos Anicuns, em Goiânia, como fachada para a venda de cocaína. A ação, realizada após investigação e monitoramento prévio, revelou que o estabelecimento funcionava não apenas como ponto de encontro de usuários, mas como uma verdadeira base logística para o comércio ilegal na região.

De acordo com a Denarc, a equipe já havia recebido, há alguns dias, uma denúncia anônima relatando intensa movimentação de pessoas durante todo o dia no local, muitas delas chegando a pé, de bicicleta ou motocicleta, permanecendo por poucos minutos e saindo rapidamente. Esse tipo de comportamento, segundo a Polícia Civil, é um dos indicativos clássicos de que o endereço pode estar sendo usado como ponto de venda de entorpecentes. Além do incômodo relatado por moradores e comerciantes da região, havia também a preocupação com o aumento de pequenos furtos, conflitos entre usuários e sensação geral de insegurança no bairro.

Após confirmar as informações por meio de diligências e observação contínua, os policiais decidiram pela abordagem. No momento da intervenção, dois suspeitos estavam no interior do lava jato, onde funcionaria, teoricamente, uma área de lavagem e acabamento de veículos. No entanto, a estrutura operava de maneira parcial, e a movimentação observada não era compatível com a de um estabelecimento comercial comum. Segundo a Polícia Civil, carros dos próprios detidos ficavam no local para dar a impressão de que a atividade de lavar veículos era realizada, a fim de não levantar suspeitas.

Presos no lava jato

Durante a revista, os agentes encontraram uma arma de fogo carregada com munições em poder de um dos investigados. Dentro do lava jato, foram localizadas porções de cocaína prontas para a comercialização, além de uma quantidade maior da droga ainda não fracionada. Também foram apreendidos uma balança de precisão, mais de 400 embalagens plásticas do tipo “zip lock” — comumente utilizadas para dividir e embalar a cocaína — e dinheiro em espécie, indicando que o fluxo de vendas era constante.

Para a Polícia Civil, o conjunto de elementos apreendidos reforça a suspeita de que o lava jato era usado como fachada para dar aparência de legalidade às atividades ilícitas. Estabelecimentos desse tipo, por terem grande circulação de pessoas e veículos, acabam facilitando a entrada e saída de usuários sem chamar tanta atenção, o que dificulta a fiscalização e torna a atividade criminosa mais sofisticada.

Os dois detidos foram conduzidos à sede da Denarc, onde tiveram o Auto de Prisão em Flagrante (APF) lavrado. No decorrer do procedimento, a autoridade policial representou ao Poder Judiciário não apenas pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, mas também pela interdição do lava jato, uma medida considerada necessária para impedir que o local volte a ser utilizado como ponto de distribuição.

Mesmo com a prisão dos suspeitos, a Polícia Civil afirma que as investigações continuam, uma vez que existe a possibilidade de que outras pessoas estivessem envolvidas no esquema, seja no fornecimento da droga, seja no financiamento da estrutura usada pelos traficantes. A Denarc também estuda se o lava jato funcionava como ponto final ou apenas como entreposto para distribuição em outros bairros da região Oeste de Goiânia.

A Polícia Civil reforça a importância das denúncias anônimas, que podem ser feitas pelo 197, destacando que muitas das operações recentes têm sido desencadeadas graças ao apoio direto da população.

A Denarc lembra que a repressão ao tráfico de drogas é fundamental para reduzir uma cadeia de crimes associados, como furtos, roubos e conflitos entre usuários e distribuidores, que afetam diretamente a vida cotidiana da comunidade.

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