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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Indústria têxtil cresce, moderniza processos e movimenta R$ 203,9 bilhões

Com expansão de 4% na produção têxtil e avanço de 11,6% nas exportações em 2025

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 15 de novembro de 2025
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Transformação têxtil: modernização reduz emissões e impulsiona novo ciclo. Foto: Divulgação

O setor têxtil brasileiro vive um ciclo de transformação que combina crescimento econômico, modernização produtiva e avanços expressivos em sustentabilidade. Dados do novo painel lançado pelo Observatório Nacional da Indústria, da CNI, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), mostram que a indústria conseguiu expandir produção, dobrar eficiência energética e reduzir emissões em ritmo acelerado nas últimas duas décadas. Paralelamente, mudanças estruturais -como a força do mercado de malhas e a expansão da terceirização – têm atraído novos empreendedores e sustentado o dinamismo do setor.

Produtividade sobe 103% e emissões caem 70%

Entre 2000 e 2024, a produção de têxteis cresceu 18%, enquanto as emissões diretas de CO₂ despencaram mais de 70%. Em 2002, cada tonelada equivalente de petróleo (tep) consumida rendia 1,43 tonelada de produtos têxteis. Em 2024, o mesmo gasto energético passou a gerar 2,9 toneladas — aumento de 103% em produtividade. Para o especialista da CNI Danilo Severian, os resultados refletem “uma verdadeira revolução produtiva, energética e ambiental”. Segundo ele, a adoção de tecnologias mais eficientes permitiu “produzir mais consumindo menos energia”.

Modernização impulsiona eficiência e competitividade

A virada começou nos anos 1990, quando a indústria nacional enfrentou concorrência externa mais intensa e acelerou a modernização do parque fabril. Até então, metade da matriz energética dependia de óleo combustível e lenha, grandes emissores de carbono. A eletrificação dos processos e a adoção de equipamentos mais limpos ampliaram a competitividade e consolidaram ganhos ambientais. “Crescimento econômico e sustentabilidade caminham juntos quando há inovação tecnológica e políticas industriais voltadas à transição de baixo carbono”, reforça Severian.

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Setor têxtil reforça papel estratégico e enfrenta desafios estruturais. Foto: Divulgação

Desafios estruturais ainda travam expansão têxtil

Mesmo com os avanços, o setor enfrenta obstáculos significativos: alto custo da energia, carga tributária complexa, infraestrutura defasada e forte pressão de produtos importados. O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, afirma que essas variáveis “exercem impacto direto na competitividade”. Ainda assim, o setor responde hoje por menos de 1% das emissões totais da indústria nacional. O faturamento da indústria têxtil e de confecção chegou a R$ 203,9 bilhões em 2024, com crescimento de 4% na produção têxtil e 3,8% no vestuário entre janeiro e novembro.

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Terceirização e mercado de malhas atraem novos empreendedores

O crescimento recente também é sustentado por mudanças no perfil do empreendedor. Para a empresária Ada Pereira, CEO da Ponto da Camisa, a terceirização se tornou “arma secreta” para pequenos negócios. “Ela permite que o empresário foque na comercialização enquanto a fábrica cuida da produção”, diz. O mercado de malhas, cada vez mais demandado, facilita a entrada de novos empreendedores. “Vestir é necessidade diária, e o setor nunca para”, complementa.

Ada destaca que muitos começam de forma informal, estratégia usada para testar o mercado. Mas reforça a importância da formalização: “O MEI foi uma excelente medida para permitir acesso a crédito, fornecedores e segurança jurídica”.

Exportações crescem e indústria opera próxima do limite

De janeiro a abril de 2025, as exportações têxteis cresceram 11,6%, somando US$ 310 milhões, impulsionadas por denim, tecidos planos e básicos de algodão. As importações também avançaram, mas em ritmo moderado, resultando em déficit menor que o de 2024. A produção nacional cresceu 4,2% no semestre e operou a 77% da capacidade instalada. São Paulo, Santa Catarina e Ceará concentraram 71% da produção, enquanto o Nordeste se firmou como polo exportador de moda rápida.

Com recuperação do consumo e câmbio mais estável, o setor projeta encerrar 2025 com faturamento acima de R$ 200 bilhões, reforçando seu papel estratégico na economia brasileira.

 

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