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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Setor cafeeiro

Pressão da indústria faz Trump rever tarifa do café, com impacto direto em Goiás

Possível redução da tarifa de 50% sobre o café brasileiro reacende expectativa de reabertura do mercado americano

Letícia Leitepor Letícia Leite em 15 de novembro de 2025
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De agosto a outubro de 2025, as exportações de café in natura em grão em Goiás caíram de 833 para 388 toneladas, o que puxa para baixo a receita do Estado. Foto: Adobe Stock

A sinalização do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, de que pretende reduzir “algumas tarifas” aplicadas ao café importado abriu uma nova frente de expectativa para o setor cafeeiro brasileiro, que enfrenta, desde agosto, um tarifaço de 50% sobre o produto. 

A medida, adotada pelo governo americano em meio a tensões comerciais, provocou uma queda drástica nas exportações do Brasil para seu principal mercado consumidor, resultando em prejuízos severos para produtores e cooperativas. Em Goiás, o cenário não foi diferente: o Estado registrou retração de 53,4% nas vendas de café não torrado em grão aos EUA entre agosto e outubro de 2025.

A declaração de Trump foi dada durante entrevista à Fox News. Embora ele não tenha especificado quais países seriam beneficiados, o mercado considera praticamente certo que o Brasil está na lista — afinal, é o maior exportador global de café e o principal fornecedor do grão para os americanos. 

A estocagem apertada nos Estados Unidos, aliada à inflação do café no varejo e à pressão de grandes indústrias do setor, também reforçam a urgência do governo americano em rever a política tarifária.

Para a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o momento é de cautela, mas com otimismo. O gerente técnico da entidade, Edson Alves Novaes, afirma que o anúncio reacende esperanças após meses de retração.

“De forma positiva. A declaração do presidente dos EUA, deu esperança para que o setor volte com as exportações e recupere o prejuízo durante o período de taxação. O mercado dá como certo que o Brasil está na lista, pois os EUA são o principal destino do café brasileiro”, declarou.

O impacto do tarifaço foi profundo. Só em outubro de 2025, as exportações brasileiras de café para os EUA despencaram 54,4% em comparação ao mesmo mês de 2024, caindo para 347,5 mil sacas. No acumulado entre agosto e outubro, as vendas recuaram 51,5%. 

Em Goiás, que tem ampliado sua participação no mercado nacional e se destacado pela qualidade do grão, os números refletem o abalo: as exportações de café in natura em grão caíram de 833 para 388 toneladas no período, puxando para baixo a receita do Estado. Considerando o acumulado de janeiro a outubro deste ano, a redução das exportações do café goiano para os EUA foi de 17,5%, de 1,8 mil toneladas para 1,5 mil toneladas.

“Esse impacto teve ação direta sobre a competitividade do café brasileiro e goiano, quando comparado com outros países produtores, como Colômbia e Vietnã”, explica Edson. Segundo ele, não apenas os preços sofreram distorções, mas também a presença do café brasileiro nos blends americanos, risco que preocupa especialistas do setor, já que recuperar espaço perdido pode ser difícil caso a tarifa demore a cair.

Ainda assim, a possível revisão animou produtores e indústrias. A Faeg acredita que o fim da sobretaxa pode provocar efeitos positivos já no curto prazo. “A disponibilidade de exportação do café aumentará no curto prazo e as empresas goianas poderão voltar a vender para os EUA. Com o passar do tempo, as compras de café dos EUA poderão levar os preços aos patamares anteriores”, avalia o gerente. Ainda segundo ele, o corte da tarifa não cria mais café, e os estoques globais ainda estão baixos. 

Tarifa: Brasil é o principal provedor de café para os EUA

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Foto: Valter Campanato/ABr

O Brasil segue como o principal provedor de café para os EUA, mesmo com queda acentuada. Entre janeiro e outubro de 2025, os americanos importaram 4,7 milhões de sacas — 28,1% a menos que no ano anterior. Em Goiás, a expectativa é de retomada e expansão caso o governo americano confirme a redução tarifária. 

Para consolidar uma política comercial mais previsível e evitar novas surpresas, a Faeg defende a intensificação do diálogo diplomático entre Brasília e Washington. A expectativa do setor é que o café seja retirado da seção 3 da ordem executiva americana, que engloba produtos naturais não produzidos nos EUA, mas ainda sujeitos a tarifas e seja transferido para a seção 2, que permite tarifa zero.

“É fundamental manter e fortalecer a relação bilateral com os EUA.  A diplomacia e a negociação é o melhor remédio”, conclui Novaes.

Com pressões internas, inflação alta e indústrias americanas enfrentando dificuldades para recompor estoques, o governo Trump deve anunciar nas próximas semanas os detalhes da revisão tarifária. Enquanto isso, o setor cafeeiro brasileiro observa atentamente e Goiás, que sentiu com força o impacto do tarifaço, aguarda a chance de retomar seu lugar no mercado americano.

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